Palavras à Milanesa

Palavras à Milanesa
Não! Este blog não é de gastronomia. Mas de palavras. À Milanesa. Palavras simples como este prato de arroz com feijão, bife e batata frita.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A Lua

Alguém aí já viu a lua? Aquela mesma: branca, cheia, linda e nua?
Aquela transparente, contente, sorridente?
De repente, ela está no céu agora. É só olhar.
Para o alto e avante. Personagem principal, a lua. Não coadjuvante.
Repleta e completa, é a lua predileta. Cheia. Cheia de amor.
Pra dar.
A lua das crianças mansas, amorosas, da Clara e do Fran, que buscam a vovó num cantinho do céu.
Essa mesma lua que flutua e nos situa. Nos faz habitantes da Terra.
Pois é a lua assim tão linda neste 10 de novembro. E faz tempo que não a vejo tão vigorosa. Não me lembro.
Aproveite seu dia, aproveite sua noite. Essa mesmo de hoje. O que passou já era.
A lua sabe disso.
A lua é bela!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Na Repartição

- Bom dia, você é o funcionário novo?

- Sim, sim. Um prazer conhecê-la – disse o funcionário novo para a nova chefe que acabava de conhecer.

- Ok. Vamos começar.

- Todos os dias você deve chegar, ir direto ler os jornais e me fazer um relatório com as noticias de destaque até 9h30min. Estamos combinados assim?

- Ah, esqueci. Não olha pro lado, ok? Foco, foco, foco. Preciso que cumpra a tarefa com rapidez e eficiência.

Aturdido com tão improvável recepção, o funcionário novo pegou o seu paletó que já repousava em cima da cadeira e pôs-se a trabalhar.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Entre

Entre o beijo, o afeto e o olfato, o fato.
Entre o clima e o romance, o lance.
Entre a primeira vez e o clímax, a chance.
Entre a concepção e o nascimento, o feto.
Entre o machucado e a cicatriz, o tempo.
Entre a tempestade e a bonança, o vento.
Entre as estações, a chuva e o calor.
Entre as tentativas, a paixão e o amor.
Entre, a porta está aberta!

sábado, 22 de outubro de 2011

Paradoxo do Gato 2

O Gato malhado, molhado, subiu no telhado. Lá, conheceu a gata garota, arrastou asa pra ela. Se apaixonaram, casaram, tiveram sete gatinhos. Um dia, andando pelo telhado, destrambelhado, distraído, sem óculos e botas, não viu um vão e caiu. Morreu. Não tinha sete vidas!

A Bailarina

A bailarina fica na ponta do pé. Então, aponta pra ponte que a leva detrás do monte. Um monte de gente a aguarda lá. Naquele cenário, além do arco-iris, toda prosa, faz um verso. Imagina uma rima no espaço-tempo, imagina a coreografia da via que atravessa. A vida, assim, sem pressa, sem pressão. Fica só a impressão, o movimento, o gesto, o passo. O primeiro passo. O primeiro passarinho. A vida e o vinho. Quanto mais velho melhor. A bailarina, já não tão menina, sabe do que estou falando!

sábado, 24 de setembro de 2011

Forra!

Um balé de mãos comandado por um Dinho, saidinho.
Cem mil pessoas gritando a uma só voz "chove, chove", como um cacique cobra coral!
Enquanto isso, procuramos independência, já sem paciência, e acreditamos na distância entre nós.
Nós na garganta!
Dentro da veraneio vascaína rezamos à Fátima em busca de um país melhor.
Que país é esse? Que país é esse, José Sarney??

sábado, 17 de setembro de 2011

A casa da mãe que parte

A casa de uma mãe que parte sempre vai ser a casa da mamãe. Mesmo que uma imensa obra se abata pelos 4 cantos daquele apartamento. Mesmo que uma imensa dor insista em bater no peito. Dor de responsa, de respeito. Em cada recanto, em cada cômodo se conserva o perfume, a essência, a paciência da mãe que parte. Para os netos, a casa da mãe que parte sempre vai ser a casa da vovó. Ainda que eles cresçam, como é o que acontece.
A casa da mãe que parte e leva a melhor parte daquele apartamento, fica triste, mas resiste. Sabe que pra tudo tem jeito. É como se a casa falasse, como se restasse uma brisa amena naquele quarto que tanto respirou as palavras da mãe que parte. Mas é fato. A mãe parte, a casa fica, a vida continua. Daqui a pouco é verão, melhores dias virão.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Ferramentas

Tenho fé. Tomo café. Fico de pé. Humildemente. Corro atrás. Corro na frente. Dou meu jeito. Encho o peito. De coragem. Antecipo. Participo. Sigo viagem. Penso. Venço!

Uma estrela eterna, infinita e bela

A casa do Pai tem muitas moradas. E a casa da Egle, sua humilde filha aqui na Terra, tinha muitos inquilinos. Egle era puro amor e doçura e transbordava estes sentimentos sempre com generosidade para os amigos que cultivou em vida. Eram amigos dos mais diversos, cada um com sua especificidade. E ela sabia falar a língua de cada um deles, respeitando credo, classe social, gênero e as diferentes opções pessoais que cada um faz em sua vida, de acordo com o livre arbítrio e o livre caminhar.

“Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar”, diria o Rei. Egle seguiu o verso à risca. Nos últimos três anos e meio, ela aumentou ainda mais a legião de amigos, alguns transformados em fãs da “dona Egle”. E bem mais forte cantou. Apesar da doença, não deixou que sua voz se calasse. Pelo contrário, sempre dava a volta por cima e se “escapava”, como ela dizia.

Afinal, ela não podia partir assim. Era uma referência, figura agregadora e conciliadora. Era na casa da vovó, na Visconde de Albuquerque, onde tudo acontecia. Os deliciosos natais onde a família sempre unida se reunia em volta da mesa para celebrar o grande evento não serão esquecidos. “Feliz Navidad”, do Jose Feliciano, era a trilha sonora, alguém ira se lembrar.

As filhas, certamente, vão se lembrar. São três, além da filha-sobrinha, filha muito mais do que sobrinha – já que tanto parecia com a Egle-mãe. Todas as quatro herdeiras de uma herança que o dinheiro não compra: amor com amor se paga. Os netos também hão de se lembrar daqueles natais. São oito netos com idades entre 19 e 3 anos. A Egle-avó fez sua estreia no papel em 1992 com o Rafudo e foi avó, com louvor, até 2007, com o nascimento da Totoca.

No intervalo dos 15 anos foi avó regularmente, sempre com prazer renovado e amor abundante. Foi uma avó diferente e especial para cada um dos netos, com chamegos, linguagem e códigos sob medida. Depois do Rafa, veio a Isa, a Isinha, como ela chamava. Em seguida, João Gabriel, o Johnny Boy, também como ela se referia a ele, e o Felipinho, filho da filha-sobrinha. A segunda geração dos netos trouxe, além da Totoca, o Thomasito, irmão do Felipe, a Clarinha, princesinha, e o poderoso Fran, o menininho da vovó. Aliás, uma característica da vovó era, em relação aos netos, usar o diminutivo. O que só fazia demonstrar o aumentativo carinho que ela nutria por cada um a cada dia.

Nos últimos três anos e meio, surgiu uma nova Egle que vai ficar pra sempre: a Egle-guerreira e corajosa, que nunca se abateu ou desistiu de lutar e sempre demonstrou amor à vida e nobreza de espírito. Seu comportamento e serenidade surpreenderam a todos! Como aquela mulher super vaidosa, considerada uma das mulheres mais bonitas do seu tempo, poderia suportar a decadência física que a doença imporia? Ela sabia que a situação era grave, mas pedia muito aos santos lá de cima e ao santo “Carlinhos” daqui de baixo que a deixassem “ficar mais um pouquinho”.

E era só um pouquinho mesmo. E os pequenos prazeres se transformavam em imensos: o cineminha, o teatro, o almoço com as amigas no Vila 90, os passeios no Shopping da Gávea com as filhas, com a Clarinha, o Fran, a Toca e a irmã, Giselda. Ah, como era bom! As visitas à Mariah, em sua loja no Leblon, ela que era amiga querida dos tempos da Venâncio. Lá, da janela da Venâncio, a Egle ficava observando as meninas a brincar na areia da praia. Quando dava o horário, com um aceno, apenas, chamava as gurias pro almoço. Eram outros tempos, doces tempos. Tempos também em que o José – futuramente o vovô Zezé – levava as meninas pra jogar tênis, as ensinava a dirigir e, entre a labuta como engenheiro ou perito criminal, candidamente se candidatava a cargos políticos.

Mas era muito claro que a Egle tinha um protetor mais do que especial, um anjo da guarda sempre atento, além do médico mais especial que poderia existir, que falava pra ela: “Daqui a pouco você vai fazer outro programa”... Ela nunca se revoltou, nunca reclamou de nada e acreditou, até o último instante, que a Dona Morte a deixaria para o fim da fila e realmente se esqueceria dela.

A mensagem que ela deixava diariamente, sempre vivendo um dia após o outro, era: “Aproveitem a vida, ela é curta! Aproveitem as coisas simples, valorizem o dia a dia, isto é o que nos alimenta e nos faz continuar”. Sempre falava que adorava acordar e olhar a vista linda que via da sala de sua casa. Já no CTI contou com muita felicidade como era gostoso beber um copo de água.

Para todos fica um grande vazio. E a pior parte de uma perda tão próxima é saber que a vida continua. Vai ficar também uma saudade fofa e gostosa da mãe, da vovó, da sogra, da irmã, da tia, da amiga, da presença física da Egle. Mas com certeza haverá mais união do nunca em corações, mentes e lembranças. Bastará olhar pro céu. Egle: uma estrela eterna, infinita e bela!


George Patiño/Claudia Bandeira
14.09.2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Paradoxo do Gato para o Twitter

O gato subiu no telhado. O gato era malhado. Lá, ele casou com a gatinha e teve 7 gatinhos. Morreu quando caiu do telhado. Não tinha 7 vidas...

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Economia Verde é o foco da Conferência Ethos 2011



Na abertura do evento,ontem dia 08/08, autoridades e empresários defenderam suas visões sobre economia verde e desenvolvimento sustentável

A “nova economia: includente, verde e responsável” foi o tema da abertura da Conferência Ethos 2011, na manhã de ontem no Centro Fecomércio de Eventos, em São Paulo. Na plenária, autoridades, empresários e representantes do Instituto Ethos, deram suas impressões sobre avanços e gargalos dos diversos setores da economia.

Para o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Ronaldo Mota, no cenário mundial o Brasil já é líder na transição para uma economia mais verde. “O Brasil é um dos países que tem a matriz energética mais limpa”, defendeu. O secretário lembrou ainda que a palavra inovação foi recentemente incorporada ao nome do Ministério da Ciência e Tecnologia, refletindo uma preocupação da presidência da República com as questões de inovação relacionadas à ciência e à tecnologia no país.

Além do secretário, participaram da abertura o presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, Sérgio Mindlin, o presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão, e Paulo Itacarambi, vice-presidente executivo do Ethos, além do vice-presidente de Desenvolvimento Organizacional e Sustentabilidade da Natura, Marcelo Cardoso, e da vice-presidente de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da Walmart Brasil, Daniela de Fiori, entre outros. Com objetivo de aproveitar mão de obra ociosa jovem e da terceira idade, mas que não tem disponibilidade para jornada trabalhista tradicional contada por semana, a executiva do Walmart defendeu uma reformulação da legislação trabalhista brasileira. “Hoje, os impostos recolhidos sobre os colaboradores que trabalham durante toda a semana e sobre os que trabalham um ou dois dias são os mesmos”, destacou.

Durante a tarde de segunda-feira aconteceram debates sobre “governança na nova economia”, “novos padrões de produção e consumo para a sustentabilidade”, “inovação para sustentabilidade”, “os impactos de um novo código florestal”, “direitos humanos” e “financiamento da nova economia”. O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, participou do painel “governança na nova economia”.

O dia de hoje, terça-feira, terá debates sobre “biodiversidade”, “energia”, “resíduos sólidos”, “mudanças climáticas e os impactos na nova economia”, “infraestrutura para a nova economia”, “gestão da água” e “cidades sustentáveis”, entre outros. As inscrições ainda podem ser feitas por meio do endereço http://www.ethos.org.br/ce2011/, onde também é possível acompanhar a cobertura online do evento. Para seguir o Instituto Ethos nas redes sociais: http://www.facebook.com/institutoethos#!/pages/Instituto-Ethos/295940566431 e http://twitter.com/#!/Institutoethos.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011


PROGRAMAÇÃO DO EVENTO
Dia 08/08 // 09h00 – 12h00

PLENÁRIA – Nova economia: includente, verde e responsável
Sessão especial da Conferência Ethos 2011 que discutirá as necessidades, desafios e oportunidades para o Brasil sob a
perspectiva da transição para uma economia sustentável. Executivos das seis empresas parceiras institucionais do Instituto
Ethos (Alcoa, CPFL Energia, Natura, Suzano, Vale e Walmart) exporão suas visões sobre os avanços e gargalos dos diversos
setores da economia, debatendo com um representante do governo federal, responsável pela definição de políticas que
impactem a economia, a política industrial e o desenvolvimento da infraestrutura. A discussão abordará as principais
questões que serão desenvolvidas ao longo da Conferência – cujo tema geral é Protagonistas de uma Nova Economia: rumo
à Rio+20 –, tendo como objetivo a busca de sínteses que orientem o setor produtivo neste momento crucial para a
transformação das vantagens comparativas do Brasil em vantagens competitivas.

Palestrantes:
 CEOs das 6 empresas parceiras institucionais da Plataforma por uma Economia Inclusiva, Verde e Responsável;
Moderador:
 Ricardo Abramovay, professor titular da FEA/USP.

Dia 08/08 // 12h00 – 14h00
ALMOÇO

Dia 08/08 // 14h00 – 16h00
MESA-REDONDA 1 – Governança na nova economia
Nesta atividade aprofundaremos as reflexões sobre a nova economia e a discussão em torno da governança necessária
para o novo modelo econômico. Vamos refletir também sobre mecanismos de boa governança que fortaleçam o diálogo
social e a negociação entre organizações da sociedade civil, representantes dos trabalhadores, empresários e órgãos
públicos. Discutiremos ainda aspectos como: a ampliação dos mecanismos de autorregulação, transparência e prestação de
contas; o nível de participação da sociedade civil na regulamentação do mercado; o papel dos conselhos governamentais
consultivos; e os caminhos para o modelo de democracia participativa esperado para uma economia includente, verde e
responsável. Além disso, o painel discutirá como aprimorar os pactos empresariais, diálogos sociais e acordos setoriais e
enfocará os modelos de governança empresarial e os mecanismos de transparência que poderão apoiar a transição para a
nova economia.
Palestrantes:
 Gilberto Mifano, presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC);
 Aron Belinky, consultor especialista em responsabilidade social e sustentabilidade e coordenador de projetos da
Vitae Civilis;
 Gilberto Carvalho, ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República;
 Odilon Faccio, diretor do Instituto Primeiro Plano;
 Daniela Mariuzzo, gerente de responsabilidade socioambiental coorporativa do banco Rabobank.
 Chico Whitaker, membro da Comissão Brasileira da Justiça e Paz, representando-a no Conselho Internacional do
Forum Social Mundial.

Dia 08/08 // 14h00 – 16h00
MESA-REDONDA 2 – Novos padrões de produção e consumo para a sustentabilidade
Esta mesa-redonda aprofundará as discussões sobre a nova economia a partir de reflexões sobre as mudanças necessárias
na cultura e nos hábitos de consumo, no estilo de vida, nos modelos de negócio, nas relações de trabalho e na qualificação
profissional, para aumentar a competitividade da economia brasileira e melhorar a distribuição da riqueza, ampliando a
participação do trabalho e melhorando a qualidade de vida, enquanto se reduzem os impactos das atividades econômicas
sobre os ecossistemas. Qual é a responsabilidade das empresas na construção de padrões de consumo menos predatórios
que os vigentes?
Nesta discussão também serão tratados o Processo de Marrakesh, o Plano Nacional de Produção e Consumo Sustentáveis,
estilos de vida sustentáveis, profissões da nova economia e empreendedorismo/proteção social, além de informalidade e
economia criativa.
Palestrantes:
 Clemente Ganz Lucio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese);
 Sonia Favaretto, diretora de Sustentabilidade da BM&FBOVESPA;
 Samyra Crespo, secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente;
 Lisa Gunn, coordenadora executiva do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
 Helio Mattar, presidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente
 Rosa Alegria, professora do Núcleo de Estudos do Futuro (NEF) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP);
 Daniela de Fiori, vice-presidente de assuntos corporativos e sustentabilidade do Walmart Brasil
Moderador:
 Tasso Azevedo, consultor em questões de clima, florestas e sustentabilidade.

Dia 08/08 // 14h00 – 16h00
MESA-REDONDA 3 – Inovação para a sustentabilidade
Serão discutidos nesta mesa-redonda os diversos fatores que poderão contribuir para aumentar o investimento público e
privado em ciência e tecnologia para reduzir a intensidade energética e material nos processos produtivos e dar escala às
diversas tecnologias sustentáveis que estão em desenvolvimento.
O painel analisará: novos modelos de negócio; novos formatos de financiamento da inovação; o potencial brasileiro de
inovação tecnológica; iniciativas governamentais e políticas públicas de fomento à inovação; conexão entre a inovação
brasileira e os fluxos de inovação global; e o papel do empreendedorismo e das pequenas empresas no desenvolvimento
da inovação.
Palestrantes:
 Cláudio Boechat, professor da Fundação Dom Cabral (FDC);
 Ricardo Correa Martins, diretor executivo da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ);
 Carlos Alberto dos Santos, diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas-
SEBRAE.
 Fernando Castro Reinach, biólogo, professor e colunista do jornal Estadão.

Dia 08/08 // 16h00 – 16h30
CAFÉ E RELACIONAMENTO

Dia 08/08 // 16h30 – 18h30
PAINEL 1 – Os impactos de um novo código florestal
Neste painel discutiremos a proposta de alteração do Código Florestal aprovada na Câmara Federal e em discussão no
Senado. Iremos debater propostas de modificações no texto aprovado na Câmara que resultem em uma legislação
moderna, adequada à nova realidade das mudanças climáticas e proativa na proteção aos serviços ambientais que
sustentam a economia do país, com instrumentos de incentivos econômicos para proteção, restauração florestal e oferta
de serviços ambientais, e que também equacione as legítimas demandas dos agricultores.
Palestrantes:
 Ricardo Ribeiro Rodrigues, professor titular do departamento de ciências biológicas da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP);
Moderador:
 Raul Silva Telles do Valle, coordenador adjunto do Programa de Política e Direito Socioambiental do Instituto
Socioambiental (ISA).

Dia 08/08 // 16h30 – 18h30
PAINEL 2 – Direitos humanos
Este painel refletirá sobre como as empresas podem avançar na implementação das diretrizes para a área de negócios e
direitos humanos do relatório de John Ruggie, representante especial da ONU. O objetivo é identificar as medidas que o
poder público e a sociedade civil podem tomar para apoiar e estimular as empresas a aperfeiçoarem suas práticas de
promoção dos direitos humanos nos negócios.
Palestrantes:
 José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares;
 Maria do Rosário Nunes, ministra da secretaria especial dos direitos humanos;
 Juliana Gomes Ramalho Monteiro, representante do grupo de Trabalho Empresas e Direitos Humanos.

Dia 08/08 // 16h30 – 18h30
PAINEL 3 – Financiamento da nova economia
Este painel visa debater os tipos de ação com os investidores, os programas de fomento e as políticas de incentivo e crédito
que ampliam a competitividade e os investimentos em novos modelos de negócio, bem como as tecnologias e produtos de
uma economia includente, verde e responsável. Discutiremos se o caminho está na utilização de compras públicas, na
criação de linhas de crédito e incentivos para o desenvolvimento de novas tecnologias e produtos ou no fomento de novos
modelos de negócio, como negócios inclusivos, negócios sociais e impact investing.
Palestrantes:
 Sérgio Weguelin, superintendente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES);
 Antônio Moraes Neto, sócio e co-fundador da Vox Capital;
 Marco Antônio Fujihara, diretor da Keyassociados;
 Luiz Ros, gerente de oportunidades para a maioria do BID.
Moderador:
 Reginaldo Ferreira Alexandre, presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado
de Capitais de São Paulo (Apimec-SP).

Dia 09/08 // 9h00 – 11h00
PAINEL 4 – Energia
Esse painel refletirá sobre a matriz energética que melhor explora o potencial das fontes limpas e renováveis do Brasil e, ao
mesmo tempo, atende à demanda energética necessária para sustentar o crescimento da economia. Para tanto, será
preciso enfrentar a questão do diálogo entre os vários atores na discussão e implementação de estratégias energéticas,
tocando-se, no limite, no próprio modelo de governança que viabilize o melhor aproveitamento das vantagens
comparativas do país e consolidação de uma posição geopolítica privilegiada no cenário global.
Palestrantes:
 Ricardo Abramovay, professor titular da FEA/USP;
 Augusto Rodrigues, diretor de comunicação empresarial da CPFL Energia;
 Ildo Luis Sauer, diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP.
Moderador:
 Pedro Bara Neto, líder da estratégia de infra-estrutura da Iniciativa Amazônia Viva da rede WWF.

Dia 09/08 // 9h00 – 11h00
PAINEL 5 – Biodiversidade
Este painel visa identificar as contribuições que as empresas e as organizações dos trabalhadores e da sociedade civil
podem dar para o aperfeiçoamento das políticas públicas e a implementação no Brasil dos objetivos e metas para 2020 do
Plano Estratégico da Convenção da Biodiversidade (CDB). Qual é o impacto do novo Código Florestal no cumprimento dos
objetivos e metas desse plano? Quais são os avanços das atuais políticas públicas? Como reduzir os impactos das atividades
tradicionais (agricultura, pecuária, silvicultura e piscicultura) sobre as florestas e os ecossistemas? Como aumentar a
competitividade das atividades econômicas que promovam a conservação e o uso sustentável da biodiversidade? Como dar
escala às iniciativas de pagamento dos serviços ecossistêmicos? Que boas práticas devem ser disseminadas?
Palestrantes:
 Helena Pavesi, gerente de política ambiental da Conservação Internacional (CI-Brasil);
 Cláudio Carrera Maretti, líder da Iniciativa Amazônica do WWF;
 Rodolfo Witzig Gutilla, diretor de Assuntos Corporativos e Relações Governamentais da Natura;
 Manoel Silva da Cunha, presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS);~
 Bráulio Ferreira de Souza Dias, gerente de conservação da biodiversidade e coordenador da COP8 Ministério do
Meio Ambiente MMA.

Dia 09/08 // 9h00 – 11h00
PAINEL 6 – Resíduos sólidos
Este painel irá tratar dos principais desafios para a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Discutiremos questões relacionadas à viabilização do acordo setorial para implementação da logística reversa e como
implementar a coleta seletiva e a reciclagem nos municípios, com o envolvimento das cooperativas de catadores de
materiais recicláveis.
Palestrantes:
 Vitor Bicca, presidente do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre);
 Roberto Laureano da Rocha, presidente do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR);
 Eugênio Deliberato, presidente do conselho da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) e do
conselho da Associação Reciclanip;
 Lucien Belmonte, superintendente da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro
(ABIVIDRO).
 Edison Castro Martins, coordenador da área técnica da Confederação Nacional dos Municípios;
 Fernando von Zuben, diretor de desenvolvimento ambiental da Tetra Pak Brasil.

Dia 09/08 // 9h00 – 11h00
PAINEL 7 – Mudanças climáticas e os impactos na nova economia
Neste painel serão discutidos os principais desafios para definir as metas setoriais decorrentes da implantação da Política
Nacional sobre Mudança do Clima e como atingir a meta brasileira de redução de emissões. Como essas metas se
distribuem entre os setores e quais as medidas necessárias tanto por parte das empresas quanto do governo para atingilas?
Como as empresas e as organizações dos trabalhadores e da sociedade civil podem contribuir para esse objetivo?
Palestrantes:
 Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS);
 David Canassa, gerente corporativo de Sustentabilidade da Votorantim Industrial;
 Luiz Pinguelli Rosa, representante do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas;
 Tasso Azevedo, consultor em questões de clima, florestas e sustentabilidade;
 Izabella Mônica Vieira Teixeira, ministra do meio ambiente;
 Bárbara Oliveira, representante do Centro de Estudos em Sustentabilidade – Gvces – FGV – EAESP;
 Paula Bennati, consultora sênior para mudanças do clima na Confederação Nacional das Indústrias CNI.

Dia 09/08 // 11h00 – 11h30
CAFÉ E RELACIONAMENTO
Dia 09/08 // 11h30 – 13h30
PAINEL 8 – Infraestrutura para a nova economia
Uma economia includente, verde e responsável requer um sistema de transporte e logística mais eficiente e com matriz
energética limpa. Neste painel, discutiremos as mudanças e os investimentos necessários em portos, aeroportos, rodovias,
ferrovias, hidrovias e na infraestrutura urbana.
Palestrantes:
 Marcio Wohlers de Almeida, diretor de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulamentação e Infraestrutura
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Dia 09/08 // 11h30 – 13h30
PAINEL 9 – Erradicação da miséria
O painel promoverá uma reflexão sobre como as empresas poderão estimular o empreendedorismo e ampliar as
oportunidades de trabalho e emprego para o público do Programa Brasil sem Miséria, sob a perspectiva do
desenvolvimento territorial sustentável.
Palestrantes:
 Jorge Streit, presidente da Fundação do Banco do Brasil;
 Carlos Alberto dos Santos, diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas-SEBRAE.

Dia 09/08 // 11h30 – 13h30
PAINEL 10 – Trabalho decente e empregos verdes
Nesta atividade faremos uma análise sobre o conceito e as dimensões abordadas pelo trabalho decente – direitos,
emprego, proteção social e diálogo social –, demonstrando sua amplitude e possibilidades. Além disso, debateremos os
avanços alcançados até o momento para concretizar o trabalho decente como parâmetro no país e os principais entraves
nesse aspecto para se chegar a uma economia includente, verde e responsável.
A partir dessa discussão, trataremos também dos desafios para viabilizar empregos verdes e decentes, de jornada de
trabalho e qualidade de vida e das relações da empresa com o público interno e com os sindicatos.
Palestrantes:
 Manoel Messias, secretário de Relações de Trabalho da Central Única dos Trabalhadores (CUT);
 Mario Barbosa, assessor especial do Ministério do Trabalho e Emprego;
 Paulo Sérgio Muçouçah, especialista e coordenador dos programas de trabalho decente e empregos verdes do
escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil.

Dia 09/08 // 13h30 – 15h00
ALMOÇO

Dia 09/08 // 15h00 – 17h00
PAINEL 11 – Educação para a sustentabilidade
Este painel buscará identificar os avanços na integração dos conhecimentos, valores e habilidades necessários para uma
sociedade sustentável nos processos de educação formal e informal. Que ações das empresas, das organizações da
sociedade civil e dos trabalhadores poderiam dar maior amplitude e velocidade a essa integração?
Palestrantes:
 Vera Masagão Ribeiro, diretora executiva da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong
Brasil)
 Ricardo Young, conselheiro do Instituto Ethos;
 Fernando Rossetti, secretário-geral do GIFE;
 Antonio Carlos Caruso Ronca, representante do MEC Conselho Nacional da Educação (CNE).

Dia 09/08 // 15h00 – 17h00
PAINEL 12 – Gestão da água

Dia 09/08 // 15h00 – 17h00
PAINEL 13 – Cidades sustentáveis
Neste painel discutiremos as ações de natureza política, social, econômica, ambiental e cultural para que as cidades
brasileiras se organizem e se desenvolvam de forma sustentável, identificando metas, indicadores, boas práticas de
sustentabilidade urbana em várias cidades do mundo, experiências empresariais e medidas governamentais. Estas
referências encontram-se reunidas na Plataforma Cidades Sustentáveis, desenvolvida em parceria pela Rede Brasileira por
Cidades Justas e Sustentáveis, Rede Nossa São Paulo e Fundação Avina.
Palestrantes:
 Oded Grajew, coordenador geral da Rede Nossa São Paulo;
 Valdemar de Oliveira Neto, diretor de iniciativas continentais da AVINA;
 Denise T. Hills, superintendente de sustentabilidade do Itaú-Unibanco;
 Tião Soares, coordenador de cultura da Fundação TIDE Setubal;
 Jorge Miguel Samek, presidente da Itaipu Binacional.

Dia 09/08 // 15h00 – 17h00
PAINEL 14 – Integridade e transparência
Neste painel serão discutidas as medidas de políticas públicas e os principais mecanismos utilizados pela sociedade civil
para aumentar a integridade e transparência nas práticas empresariais e o combate à corrupção. Buscaremos refletir sobre
como aproveitar a realização no Brasil da Copa Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 para
construir mecanismos de controle social que garantam transparência nos gastos públicos e privados e permitam um legado
social, ambiental e ético.
Palestrantes:
 Jorge Hage Sobrinho, ministro de Estado chefe da Controladoria-Geral da União (CGU);
 Josmar Verillo, presidente do conselho de administração da Amarribo Brasil.
 Gilbert d´Orey Landsberg, vice-presidente de assuntos externos da Shell Brasil Petróleo Ltda.
 Marcos Túlio de Melo, presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea).

Dia 09/08 // 17h00 – 17h30
CAFÉ E RELACIONAMENTO

Dia 09/08 // 17h30 – 19h30
PLENÁRIA – Rio+20
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que ocorrerá em 2012, no Rio de Janeiro, é
uma oportunidade para o Brasil exercer protagonismo na implementação global de uma economia includente, verde e
responsável. Com base nas informações sobre a visão do governo brasileiro com relação aos desafios globais a serem
tratados naquela conferência e de como está sendo estruturada a participação da sociedade civil e das empresas no
enfrentamento desses desafios, esta plenária promoverá uma reflexão sobre as principais propostas endereçadas ao
evento para cada tema tratado nas plenárias, mesas-redondas e painéis da Conferência Ethos 2011. A partir disso, serão
produzidas recomendações para a Rio+20 que farão parte de um documento de contribuições dos participantes e parceiros
organizadores desta conferência.

domingo, 31 de julho de 2011

Agosto

O tempo tempera a relação com sal a gosto. O tempo não para. Agosto está pra chegar, a gosto de Deus, o maior dos cozinheiros!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Canção para o renascimento da atriz



Mulher bonita que pisa no palco de novo.
Um sopro de vida, a busca da cena.
Dividida em seus papeis, a moça vai, descalça, serena.
A caminho do desejo, da luz, do beijo no final;

É noite de lua cheia, águas de março.
A luz brilha nos olhos da atriz. Sobe a cortina.
Encontros no Teatro Dulcina.
Nasce a menina, amadurece a mulher!

Madrugadas a dentro, o palco a um passo da estreia.
Bate o coração pelo momento do aplauso.
Nada melhor do que o improviso
Amor novo que chega sem aviso!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Pachamama

Joy, Joy! The eternal Changing God dwelling within you becomes evident!
While there is a peace dove, there will be hope, ritual, party!
Discover, awake the "erê", (*)
the child who lives within you!
Revive plant, supplant, exceed, seed.
Everything is in your mind.
Time is now, no waiting!
You’ll always catch up.
Mother earth, pachamama!
Nature prays by the primer of life, of fire, of flame.
Of four elements.
Life is moments, events, vents, new times approaching.
Aves, Marias, poems.
Life is one, we are life!


(*) erê = child in umbanda

terça-feira, 26 de julho de 2011

Mãe Terra

Alegria, alegria! O eterno Deus Mu dança.
Enquanto houver a pomba da paz, haverá esperança.
Descobre, desperta o erê,
a criança que existe em você!
Renasce planta, suplanta, supera, semente.
Tudo está na mente.
A hora é agora, sem espera!
Sempre alcança.
Mãe terra, pachamama!
A natureza reza pela cartilha da vida, do fogo, da chama, dos quatro elementos.
A vida são os momentos, os ventos, os eventos, os novos tempos que se avizinham.
As aves, as marias, as poesias.
A vida somos um, a vida somos nós!

domingo, 24 de julho de 2011

Le Canton

O gato subiu no telhado de um chalé de estilo europeu.
Acompanhando o gato com o olhar, fui eu, com minha varinha de condão.
Depois que o gato de cima do telhado desceu, pus minha viola no saco, que era meu, e parti.
Pura ilusão.
Fui assistir ao mágico que, do palco do salão, alimentava sonhos infantis.
Sonhos de uma noite de inverno.
Sorrisos ternos, sinceros, crianças batendo palmas.
Almas serenas, doces, carameladas, vidas em botão.
Na piscina, a menina é a feliz e o frio aquece o coração.
Mesmo sendo inverno e não verão.
Termina o dia e o sonho. Tudo é harmonia.
Alminhas lavadas, alimentadas, levadas ao Castelo do Le Canton.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Cockroaches, sewers, rats and termites

The pulse still pulses, it comes to mind the music of the “Titãs”, famous rock group in Brazil, and he started reading the results: “Liver with forms and normal measurements, normal contour and echogenicity diffusely compatible with esteatosis. Absence of dilated intra hepatic biliar ways. Hepato-coledoc duct with normal caliber”.
While he was reading the medical report, Lauro walked on the streets of Botafogo, in Rio de Janeiro, almost as if he was playing hopscotch, running away from the killing sewers and counting one,two three. He passed Camuirano Street at the corner of Voluntarios da Patria Street and suddenly he was in front of a already very familiar scene in the city: Police isolated site, TV crews, newspapers and radios interviewing people, fire fighters, the Electricity Co.! In that instant there is a film going through his head. What if I die now? And the next sewer explodes in the middle of my face? “What if…? “ – he remembered of a commercial spot of Bradesco Insurance, - “We only have Pepsi, is it alright? “ He remembered the spot of the soft drink. In spite of the Russian roulette of the sewers in Rio, he was relieved. Lauro had read the word “normal” in the medical report three couple of times. It was in the middle of other quite strange, such as: echogenicity, esteatosis, but, he was convinced. Everything seemed alright, except the cockroaches which insisted in forcing the sewer covers making them explode in series, tormenting the city for months. The Electricity Co., poor bastards, was taking all the blame. But, in reality the rats, cockroaches and termites were to be blamed, they migrate, in the Winter, via underground directly from the capital (Brasilia) to our Wonderful City, means “Cidade Maravilhosa”.
And thus, after the initial scare of his medical exam, Lauro kept walking between sewers, always remembering the TV spots that stuck in his memory and the certainty that he would live for long to see, under the sewers of the city, the rats which migrate looking for a place under the sun. He, then, remembered of yet another commercial spot:” Call., at least once, 2273-7373, 2273-7373, Insectphone, phone”.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Baratas, Bueiros, Ratos e Cupins

O pulso ainda pulsa, lembrou-se da música dos Titãs e começou a ler o resultado: “Fígado com forma e dimensões normais, com contorno regular e ecogenicidade difusamente hiperecogênica compatível com esteatose. Ausência de dilatação das vias biliares intra-hepáticas. Duto hepato-colédoco com calibre normal”.
Enquanto ia lendo o laudo, Lauro caminhava pelas ruas de Botafogo, quase que como se brincasse de amarelinha, fugindo dos bueiros assassinos e fazendo unidunitê. Passou pela rua Camuirano, esquina com Voluntários e deparou-se com a cena já comum na cidade. Local isolado, equipes de TV, jornais e rádios, personagens sendo entrevistados, corpo de bombeiros, Light, urgh! Neste instante, passa um filme em sua cabeça.
- E seu eu morrer agora? E se o próximo bueiro explodir bem no meio dos meus cornos?? “Vai que...?” – lembrou-se do comercial da Bradesco Seguros. – “ Só tem Pepsi, pode ser?” Lembrou-se do comercial do refrigerante. Apesar da roleta russa dos bueiros do Rio, ele estava aliviado. Lauro lera no laudo a palavra “normal” uns 3 pares de vezes. Ela vinha misturada a outras palavras bastante estranhas como ecogenidade, colédoco, esteatose, mas ele se convencera.
Tudo parecia bem, com exceção das baratas que insistiam em forçar as tampas dos bueiros, provocando as explosões em série que atormentavam a cidade havia meses. A companhia de energia elétrica, coitada, era quem levava a culpa. Mas na verdade a culpa era dos ratos, baratas e cupins que, em pleno inverno, migravam via subsolo, diretamente do Planalto Central rumo à Cidade Maravilhosa!
E assim, passado o susto inicial de seu exame, Lauro continuou a caminhar entre um bueiro e outro, lembrando-se sempre dos reclames televisivos que ficaram em sua memória e com a certeza de que viveria ainda muito tempo para ver sob os bueiros da cidade os ratos que migravam em busca de um lugar ao sol. Lembrou-se, então, de mais um comercial: “Telefone ao menos uma vez, 2273-7373, Insetfone, fone”.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Procura-se um pai

Um pai na estrada da vida que nos leva, todos, à morte.
Um pai de ausência vivida que não leva à nada.

Um pai, procura-se. Acha-se, com sorte!
Pelos quatro cantos do mundo, nas telas do impessoal computador.

Com a imensa dor de um parto que partiu.
O coração que um dia viu.
O amor – nos tempos de cólera –
Cantado em boleros mil.

Procura-se um pai.
Entre as quatro paredes do meu quarto.
Quando durmo, quando sonho.

Com aquele retrato na estante.
Naquele instante, é só.
É o pai congelado, consagrado pelas bandas que o largam internet a dentro.

E nos tecnologizam.
E nos acostumam a navegar, por que é preciso.

Procura-se o avô do computador.
Que é sem nunca ter sido.
Virtual, como é sabido.
De contatos esporádicos e afetos imprecisos.

Vida, Vida, Vida!
Caminha com teus passos largos.
Não deixa que arrependimento, dor e saudade virem apenas vontade, virem apenas lamento!

domingo, 10 de julho de 2011

Ficção

O que seria de nós que escrevemos, não fossem nossas referências, dependências - mesmo químicas - nossos pesadelos - mesmo cínicos, nossas mazelas, amizades, nossas novelas, assembleias, igrejas e nossas falências.
O que seria dos seres que servem ao mundo com sua caneta não fosse o fosso que às vezes se metem, os enrolos, os sufocos, as situações que se repetem. Amores dissolvidos, amores descobertos.
O que seria do leitor não houvesse um suposto ser supostamente mais sofrido capaz de resgatar-lhes a dor e trazê-la para o livro. Levá-lo, então, da Terra ao infinito e ser capaz de traduzir-lhe seus idílios, seus exílios e martírios. Pobre ser este escritor.
O que será de nós, que imprimimos em brancas páginas, ágeis passagens, dores, enroscos, amores, temores e terrores que dão sentido e rimas às histórias meninas das vidas pequenas que nos valem à pena?
Quantas passagens, quantas viagens, quantos livros lidos, publicados, rasgados, quanto passado, quanto presente, quanto tempo, quanto tempo tendo a esperar o futuro, que juro desconhecer?
O que foi o passado, hoje um presente resgatado, impresso, publicado. Nova fronteira, nova coleção na estante.
Por instantes, me confundo. Afundo no prazer do ler, me perco, fujo. O livro é meu refúgio e nele mergulho juntando letras, às vezes modernas, às vezes obsoletas.
Logo volto, respiro. Realidade ao redor, mais material, enxergo tudo melhor, mais mecanismos, contatos humanos, cinismos, egoísmos, racismos, conceitos, preceitos. Tudo junto me alimenta, reuno casos, causas, coisas, canções, nações, nascimentos, placentas, tudo isso mais um liquidificador, cabeça aberta, daqui a pouco um novo escrito, amanhã quem sabe um novo livro que desperta.

Muita Luz, Pouca Luz

A primeira sensação que se tem ao entrar no estúdio da fotógrafa Teresa Bastos é a de aconchego. Fora os detalhes técnicos, é claro, que causam ótima impressão:

Luz,
Câmera,
Ação.


Pequeno mas eficiente, seu estúdio se transforma a cada mudança de fundo e a cada nova ambientação do cenário. Ganha proporções e dimensões imensas. Flores, por exemplo, que ajudam a embelezar e a “naturalizar” a atmosfera, adquirem, assim, múltiplas funções e ângulos desconhecidos.
Na hora do click todos os gestos são naturais. É assim que Teresa faz questão de deixar aqueles que estão do outro lado de sua lente. Com docilidade, impunha a câmera, dirige o espetáculo e colhe, sempre, a melhor expressão.
Para acompanhar a sessão de fotos há, conforme o perfil do fotografado, uma trilha sonora para lá de especial, que varia de Gilson Peranzetta ao cd do filme Betty Blue, passando por bossa nova e jazz.
Teresa parece buscar um registro fotográfico íntimo. Talvez uma beleza sutil presente em todos nós. Sua arte, quase artesanal, é milimetricamente dosada. Para fluir é preciso que haja uma simpatia mútua, uma comunhão de auras. E sempre há.
É assim, nesse jogo de expressões e impressões, de luzes e cores, que surge o trabalho de Teresa Bastos. No maior equilíbrio e no melhor contraste: muita luz, pouca luz, muita luz, pouca luz...

Sob Nova Direção

Sopram os ventos da modernidade, a chegada de um novo ser.
Assim caminha a humanidade, hoje, amanhã, sempre, em cada amanhecer!

É preciso andar com fé, sempre em frente e adiante.
Olhar reto pro futuro, deixar tudo claro, nada escuro!

Iluminar a alma, pavimentar o caminho, estar com Deus, nunca sozinho!
Amar ao próximo em cada instante, ter coragem e ser confiante!

Saber que estamos de passagem, que tudo é ilusão e ao mesmo tempo miragem!
Plantar sempre boas sementes, pensar com carinho em nossos descendentes!

Dizer um basta à guerra! Homem matando homem por nada mais que um risco no chão.
Ter orgulho do Planeta Terra, edificar o futuro numa canção, num acorde, irmão!

Exercícios de Memória

Quando todas as luzes se apagam, tudo vira filme. Os personagens tomam seus lugares e seus enredos se desenrolam. Ao final, descem os créditos, de carbono. Nenhum homem é uma ilha. Nem mesmo eu, que me abono e me chamo Caio. E com leveza caio em minhas lembranças. Volto pra outras esquinas. Me resgato de situações que vivi. Sou o único autor do livro da minha própria vida e da minha existência, que precisa ser plena, revisitada. Revisitar está na moda. Meu primeiro livro, que tento escrever agora, me leva novamente a lugares em que já estive. Sou ave em busca de seu próprio voo. A libertar-se das correntes que amarram a iniciação. Não quero repouso. Quero pousar e voar, pousar e voar e voar.
O relógio está atrasado. Por ele, 7h. Minha certeza interna diz que são 7h30min. Hora de ir embora. Hora de falar a verdade. De ouvir a verdade interna que carrego dentro do peito. Tudo com muito respeito. Acordo cedo, antes dos galos e das galinhas. Do sono parto para a vida, da vida para o cotidiano, do cotidiano para o plano, do plano para as diversas dimensões. Me arrumo e sigo para o colégio no ônibus lotado que passa carregando aquelas pequenas realidades em forma de crianças. As notícias chegam cedo, com o raiar do dia. Já nesta época corria atrás delas por debaixo da porta.
E no pátio interno do colégio o hino nacional é a canção que une todos num só ideal. Pra frente Brasil. Este é o sentimento que desde criança nos é imposto. Imposto pra tudo. Pra morar, pra namorar, pra estudar, pra comer. Quando vão nos cobrar o ar? Quando acabar a energia, eu diria. O Brasil é o país do futuro, mesmo no escuro. E como todos os gatos são pardos, faz escuro, mas eu canto em homenagem ao Thiago de Mello.
Pra tudo tem medida provisória a fim de eternizar o definitivo. De crise em crise o governo enche o papo. Papa o povo. A gente, bobo, cai de novo. Pronto, é botar um curativo. Passar o dedo na ferida e lamber a cria. Xó apagão.
Nos anos 80 eu fui criança e adolescente. Doce era como democracia. Em cada esquina uma eleição e todos com direito a voto. Deixa o paletó na cadeira que eu já volto. Eu sou minerva, café com leite. Que nada, sou mais um plano verão, Flamengo de coração. Pelo menos era esse meu time nas tardes de domingo no Maraca. Meu avó era meu aval para o mundo. Meu passaporte. Aposentado, era ele quem me levava para o divertimento diário, para esquecer das tristezas da casa em família.
A própria já era destroçada. Bem cedo ficamos órfãos. Meu pai foi-se, mas não morreu. Pior talvez. Estava perto mas longe, num apartamento na Urca, um pequeno apertamento. E meu coração apertado.
Família era coisa boa que nunca tive bem. Era bem que me foi tomado. Festa de aniversário, parentes presentes, muito presentes, coca na geladeira, onde estavam meus sentimentos. Frios como a parte sul da Argentina.
Mas o tempo passa para todos. E para mim também. Hoje sou reflexo no espelho que espalhou minhas diversas imagens pelos cantos da casa antiga da infância vivida com ardor. Agora, metido o peito em lembranças, ânsias e angústias, estou aqui tentando reescrever a minha história. São 20h de um feriado, estou sozinho em casa.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

TWITTES DE FERIADO

O tempo tempera a relação e a relação tempera o tempo. Com sal a gosto. O tempo não para. Agosto está pra chegar. A gosto de Deus, o maior dos cozinheiros!


A melhor hora do dia é a hora da poesia, da rima fácil, da rima rica! Da rima que rema remador. Da rima que fica, que não se explica! A rima do meu amor!


Vale a pena viver de novo, reviver, rever, ver. Esperar a esperança que se alcança com o futuro que chega de presente, passado a limpo!

terça-feira, 21 de junho de 2011

O INFERNO E O MENINO DO PIJAMA LISTRADO

No filme “O menino do pijama listrado”, que deriva do livro “O menino do pijama listrado”, que deriva da mente de John Boyne, o autor, que deriva da criação de Deus, Bruno é um garoto de 9 anos que se muda com a família de Berlim, na Alemanha, por conta do emprego do pai. A marca de Bruno é a ingenuidade de seus nove anos. Explorando os limites da sua vizinhança, ele descobre o Inferno bem ao lado de sua casa. É a visão do Holocausto pelos olhos gentis e meigos de uma criança, uma criança de 9 anos. A casa da família de Bruno, uma criança de 9 anos, era literalmente o quintal do Inferno; o quintal de um campo de concentração da Segunda Guerra Mundial. Seu pai era um oficial do exército alemão que respondia diretamente à Hitler. A mais pura materialização do Inferno na Terra, meus amigos.
Pois para Bruno, uma criança de 9 anos, era um refugio, um paraíso. Era no Inferno que ele ia passear e ali encontrava, do outro lado da cerca, o garoto Shmuel, um pequeno prisioneiro de guerra que estava sempre com seu pijama listrado. Na pureza peculiar de uma criança, que não enxerga lados diferentes como num confronto do tamanho de uma guerra, os dois meninos fizeram amizade, selaram seus destinos, suas vidas e suas mortes. O pai de Bruno, que era uma criança de 9 anos, o tal oficial do exército, este sim vivia no Inferno. Um Inferno particular criado por ele o no qual acabou se enredando. Mas se você não leu o livro ou viu o filme, parodiando Silvio Santos ao contrário, eu li o livro e vi o filme e afirmo. É bom! E pode deixar que não vou mais divagar nem detalhar outras passagens da história. Vale a pena ler e ver. Apesar de triste, a história é também muito bonita.
E como diria o Rudá, do Clube da Leitura, no seu conto “Lições de Arquitetura”, que foi o vencedor da última rodada, “o Inferno é uma grande mansão, repleta de quartos. Cada um deles tão pequeno quanto o Inferno é infinitamente vasto. E o tamanho do Inferno particular de cada um de nós é ditado pelos limites de nossa própria miséria”. Eu acho que o oficial nazista e pai do Bruno, uma criança de 9 anos, tinha certeza disso!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

CORAZÓN LATINO

Yo pisaré las calles nuevamente.
En Buenos Aires todo se me ocurre de repente. Basta que yo camine.
Y voy caminando por la calle Caminito, donde te vi, preciosa.
En esta tarde, que, además, vi llover.
Yo tengo tantos hermanos que no los puedo contar.
Aqui, en Argentina, Perú, Chile, Bolivia, Ecuador, Uruguay,
hasta donde yo pueda mi corazón llegar.
Yo vendo unos ojos negros.
Quien me los quiere comprar?
Mi Buenos Aires querido, te dejo mi corazón partido.
Vamos a bailar un tango, aún que sea el último, en Paris o en Belgrano.
Tanto que te quiero, tanto.
Volver a los diecisiete, a la negra Mercedes Sosa.
A la calle Corrientes, al tres cuatro ocho.
Soy pura sonrisa, se me aparecen los dientes de felicidad.
Cambia, todo cambia, así doy gracias a la vida, en verdad.
La misma vida que me a dado tantos tangos, amor, paz y mango.
Soy corazón fuerte, caliente, tengo la sangre buena y el alma serena.
Duerme negrito, que tu mama está en el campo.
Yo sigo viviendo, llevando adelante mi canto.
Mi bandera, mi destino, mi corazón latino!

MOVIMENTO

Neste grande jogo de xadrez cósmico não há nenhuma peça fora do lugar. O tabuleiro dá todas as chances pro jogo recomeçar. Se você esteve em algum lugar, era pra ficar. Para o bem o próximo e o próprio bem-estar.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

TERMÔMETRO

Eu grito, me assusto e não tem jeito. Constato, bato a mão no peito. Junho já está passando mesmo. É quase julho, segundo semestre. Segundo seu mestre, que mandou acelerar, e acelerou. Passado a limpo, o ano passado passou. E este caminha a passos largos pelo mesmo caminho. De presente, apenas um futuro melhor. É quase julho, eu disse, metade do ano. Hora de rever os planos, tirar os entulhos, se livrar dos enganos, dos engodos, dos esgotos! É quase julho, estou rouco!

sábado, 11 de junho de 2011

MEMÓRIAS

Credos, cadernos, retratos, lembranças, semblantes: anotações.
Vidas vividas bem mais adiante: corações.
No passo pensado passado a limpo: Ilusões.
O futuro, eu juro, há de navegar pelo mar: direções.
Sereias serão chamas que chamam xamãs: orações.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

EUCLIDES

Euclides escrevia bem, mas isso não bastava. Sabia escolher boas batatas na feira. Mas não bastava. Também plantava as batatas na horta que tinha no quintal dos fundos. Tinha conta no banco. Mas não tinha fundos.
Tinha casa com jardim nos fundos e bancos brancos perto das janelas, há muito sem pintar. Tanto que de brancos eles já não tinham nada ou quase nada.
Gostava dos índios, mas vivia entre os brancos. Euclides não era eu, eu juro. Era o próprio personagem com medo do futuro. Euclides tinha uma caneta. E a caneta, por definição, é uma arma. Mesmo que seja branca. Ela muda qualquer destino. Comete injustiças, desatinos. Mas também premia, dá frutos. Foi assim com Euclides, que morava no interior, num pequeno vilarejo.
Um belo dia, depois de rezar a Ave Maria, Euclides inclinou-se sobre o lago que corria no quintal de sua casa. Viu a si mesmo no reflexo e disse ali mesmo:
- Vai ser é agora que eu pego essa caneta e reescrevo a minha vida. E saiu navegando.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

AS BELAS TARDES DENTRO DA TOCA

Certamente as famosas tardes em Itapoã eram maravilhosas. E quem sou eu para desmentir duas figuras como Toquinho e Vinícius, que tanto exaltaram a praia de Salvador em sua música. Mas aquelas tardes dominicais na Toca do Vinícius também fizeram história e também são motivo de boas lembranças. Aquela “pequena Toquinha”, no coração de Ipanema, fez centenas, talvez já milhares de pessoas felizes naquele que era, antes, o dia mais chato da semana, o domingo pé de cachimbo. O dia de ficar em casa lendo jornal e botando o sono em dia.
Desde o nascimento da Toca, lá pelo meio da década de 90, os simpáticos shows programados pela família Afonso já levaram o público que lota a calçada ao delírio com shows artistas famosos como Carlos Lyra, Wagner Tiso, Victor Biglone, Os Cariocas, Tito Madi, Quarteto em Cy, entre tantos e tantos outros. Assim como também foi aberto precioso espaço para jovens de indiscutível talento como Kiko Furtado, ou mesmo outros jovens com indiscutível talento e de linhagem nobre como Kay Lyra e Philipe Baden Powell.
O público que já esteve lá teve o privilégio de ouvir música da melhor qualidade e, o que sem dúvida agrada a todos, totalmente de graça. É a democratização absoluta do banquinho e do violão. Literalmente, aliás, um casamento perfeito, pois o banquinho é levado pelo público e o violão, o piano de cauda, a bateria, trazida pelo artista ou mesmo oferecida pela Toca, no caso do piano de cauda. Pois, de fato, a família Afonso sempre se preocupou em oferecer aos visitantes este tipo de experiência sensorial do mais alto nível e com sentido absolutamente pedagógico e educativo. Para os mais interessados, há também uma bela, simpática e aconchegante lojinha, com CDs, livros, camisetas, tudo com motivos musicais. A lojinha, sempre pensei eu, serve como atividade meio, para sustentar a atividade fim, que seria a propagação da cultura musical brasileira.
Carlos Alberto Afonso, sua mulher Natalina, e seus filhos sempre tiveram e têm indiscutível zelo e atenção com aqueles que passam através da porta de vidro da Toca, interessados em mais se aculturar, pesquisar algum CD, DVD, em assistir a algum show ou mesmo trocar um dedo de prosa com o Carlos Alberto, sempre a postos.
No início de seu projeto pedagógico, ainda nos anos 90, talvez início dos 2000, Carlos Alberto programava os eventos para o segundo andar da Toca. Um tanto quanto pequeno, o local recebia apertadamente cerca de 30, no máximo 40 pessoas. Como era mágico subir aquelas escadas. Naquele pequeno espaço, os acordes que vinham eram sempre agradáveis e, melhor, estávamos, nós da plateia, a uma distância muito pequena uns dos outros e do artista também. Tudo isso favorecia a atmosfera acolhedora e calorosa do evento. Caloroso, aliás, também era o clima lá em cima.
Penso que por causa do tamanho e do calor, além de algum outro motivo particular, foi que o Carlos Alberto mudou já há algum tempo o local dos shows. Minha memória afetiva me faz lembrar de grandes shows ali na calçada e, em especial, uma apresentação do imenso, do enorme Tito Madi, amigo querido. O grande cantor, com voz de veludo, coração de menino e timbre para ouvidos privilegiados. Ele foi o centro de uma homenagem na Toca e ali reencontrou, na ocasião, após décadas, o maestro Georges Henri, uma das pessoas responsáveis pelo seu lançamento como cantor romântico. Foi emocionante!
Garoto e sem pressa de ir pra casa, lembro-me das tardes que ali ficava a pesquisar as estantes. Quantos maravilhosos livros, quanto conhecimento, quanta informação. Meu Deus, quantas maravilhas literárias esperavam a hora de, ávidas, pularem de lá para as mãos de alguém, como eu, que soubesse o que fazer com elas.
Além de pesquisar as estantes, outra pesquisa fazia-me muito bem. Nas conversas entre um cliente e outro, trocava ideias e discutia ações e iniciativas, sempre pedagógicas, com o Carlos Alberto. A mais recente deu-se por ocasião do aniversário do poetinha, que em 19 de outubro de 2000 faria 87 anos. Mais uma vez, o missionário e viniciólogo traria uma ideia interessante e instrutiva. Levar a poesia de Vinícius para toda a parte e nisso estava incluída a Escola Pública. Desta vez, no entanto, o destino era Marechal Hermes. No ano de 1999 fora no Arpoador, na Escola Castelnuovo. Pensei eu, na época, com meus botões: - Neste ano, andamos mais alguns quilômetros. Será sempre assim? A cada ano, a distância vai aumentar ?
Mas por outro lado, outra distância parece diminuir: entre o universo do aluno de escola pública e o de Vinícius de Moraes. Que distância mais percorrerá Carlos Alberto? Até onde levará Vinícius, a Bossa Nova e a boa música consigo? Viva a Arca de Noé e viva a João Gilberto que completa 80 anos no próximo dia 10 de junho, neste ano de 2011.

A PRINCESA, O PREFEITO E O BISPO

Numa bela manhã de céu azul, tudo azul, na Pedra Azul, no Espírito Santo, estiveram reunidos a princesa, o prefeito e o bispo, entre outras autoridades locais e súditos mortais, que ali se confraternizavam em nome de Deus, no dia de São José. Era um encontro de comadres onde as formalidades foram deixadas de lado a fim de que o respeitável público fosse sapecado de beijos e abraços. Bem ali na Pedra Azul, a mais de mil metros de altitude acima do nível do mar, região aprazível, todos que ali estavam cumpriam o ritual do beija mão e do beija-flor.
A gestão integrada do território integrou a todos. Acima de tudo, no sentido macro, estavam ali, simbolicamente, os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, que compõem a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Rio, o pai, estava em êxtase, era só sorrisos com seu rebento. Seu curso natural de água doce fluía a olhos vistos em direção às Minas mais Gerais do Planeta. E o Espírito Santo, com seu ar divino, integrava a todos no seu território de Domingos Martins. E assim transcorreu bela a bela manhã, entre palmas, um discurso e outro, além da assinatura de novos termos de cooperação técnica com nobres propósitos. Um viva à princesa, ao prefeito e ao bispo. Um viva à Pedra Azul!

domingo, 5 de junho de 2011

O MEIO, O AMBIENTE, O INTEIRO

Ver de verdade o meio ambiente por inteiro.
Sem lupa, lente de aumento, sem miopia, por fora e por dentro.
O sangue corre nas veias e nas plantas corre a seiva que fotossintetiza a luz do sol.
Deu à luz a mãe grávida natureza. Reza. Ora. Conhece a Deus.
Nas matas correm os animais, matam os animais.
Animais, os homens lavam as mãos. Acariciam e espetam. Rosas e espinhos sorriem graciosos.
E o remorso, e o remorso?
A vida na mata, a mata dentro da gente. A vida dentro da gente. Quem a mata ama não mata a vida nascente da água, das florestas, do que resta do que somos nós.
O meio ambiente somos nós. O meio, o ambiente, o inteiro somos nós.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

PEDRA 90

Chegou o dia. É 25 de maio, aniversário do Zé Maria. Noventa primaveras. Parece que foi ontem que o rapaz saiu de Uberaba em direção ao Leblon. Das Gerais para o Janeiro. Do público pro particular. Das Minas para o Rio. Pra Lagoa, para o mar. Etá marzão, sô! Um mineiro solteiro, solto, perdido no Rio, nos anos 30. Que estrago, vai um trago aí?
Mas que nada, sai da minha frente que eu quero passar. Zé Maria foi sujeito sério, operário em construção, tornou-se engenheiro civil, viu prédios, construiu. Foi polícia civil e, dizem, até, chefe do Carlos Éboli, que batiza o Instituto de Criminalística da cidade. Bom para o Éboli que recebeu a honraria. Mas que deve ter tido um dedo do Zé Maria, a se deve, de verdade. Foi dono de pedreira, ponta firme, pedra noventa. Cara de bravo e coração de manteiga.
Reza a lenda, reza a Ave Maria, reza Zé Maria. Católico praticante, amigo do padre Sérgio, da Nossa Senhora da Glória do Outeiro, que rezou missa no jazigo, já contei aqui. E se os últimos serão os primeiros, como candidato, Zé não foi muito longe, apesar dos santinhos, plataformas e panfletos. Mas pra quê se o sujeito já era o eleito na Visconde de Albuquerque? Ali reinava entre quatro mulheres: esposa e filhas. Depois vieram os genros, os netos. Nenhum deles predileto, todos diletos.
Hoje, Zé Maria já não tem mais a vida ativa que tinha. Tem Alzheimer e está sempre em companhia de alguém que, a seu lado, o auxilia nas tarefas do dia a dia. Nada mais justo pra quem só plantou amor e vive rodeado dele. Zé Maria passou bem o aniversário após um susto no hospital na semana anterior. Cantou parabéns, soprou vela ajudado pelos netos, nenhum deles prediletos, todos diletos, comeu bolo com salaminho, sorriu só um pouquinho e lembrou o nome dos convidados. É Zé Maria, feliz aniversário!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

PREVISÃO

É quase junho, eu testemunho! O ano tá passando rápido, mas à prova de larápio que pensa roubar o tempo perdido. Achado, a vida é um achado. Um beijo estalado, chiclete menta, mel com melado. Coração aguenta. Frase feita: o que é meu está GUARDADO!

terça-feira, 24 de maio de 2011

TRINTA ANOS, TRÊS HORAS DA MANHÃ

É maio. Me chamo Roberto e estou aqui na sala batucando estas linhas no netbook já quase aos 40 anos, que completo em setembro. É madrugada. Perto de duas da manhã de algum dia 20, de quinta pra sexta-feira. De repente, minha mulher abre a porta e exclama, irritada: “Que vício, hein! E eu, irritado: - Que vício o quê? Ela jurava que eu estava no facebook, mas na verdade só batucava estas linhas, que aliás batuco ainda. Na televisão, estava começando o programa do Jô. Ele entrevistava o cartunista Laerte que contava sobre sua experiência como bissexual e sobre o hábito de vestir-se de mulher. A segunda entrevista era com a atriz Denise Fraga e o marido, Luiz Villaça, que estavam lá pra divulgar uma peça. Por fim, o terceiro entrevistado era um sujeito que lançava um livro.
Após divagar, volto ao propósito do texto. Estava na cama me revirando e sem sono, relembrando meus dez anos anteriores. Minha década mais recente começou em 2001, quando completei 30 anos. Morávamos na rua Aperana, no Leblon. Não havia filhos. Era um bom apartamento quarto e sala de uma amiga da minha mulher. Ponto excelente, final do Leblon, ao lado da praia e do burburinho do baixo. Tínhamos uma boa vida, chegamos a ter dois carros - um deles presente da minha falecida tia rica, dona de uma fábrica de pães – além de uma cachorrinha de uma famigerada ex-colega de faculdade, ex-sócia, e ex-amiga, que adotávamos durante finais de semana eventuais. Se não tínhamos dívidas, tínhamos muitas dúvidas.
Entre elas, a gravidez. Eu mesmo não queria muito na época. O primeiro filho, como seria? A primeira gravidez da minha mulher foi anembrionada. Fiz até uma crônica na época, "Um Pulinho na Terra". Foi duro! Minha mulher ficou grávida pela segunda vez por volta de outubro de 2001. Eu acabava de completar 30 anos. Ela 33. Sempre tive uma ligação muito forte com número três. Minha filha mais velha nasceu em julho de 2002, quando nós dois ainda tínhamos, por pouco tempo, as mesmas idades do início da gravidez. Foi uma alegria! A avó paterna não foi nos visitar no hospital. Castigo: hoje, a menina é a neta preferida.
Agora volto ao número três. Quando minha mulher e eu começamos a namorar, ela tinha 30 anos. Sempre gostei de mulheres de 30! Minha mãe quando se separou do meu pai tinha por volta de 30 anos. Não me lembro exatamente se tinha 29 ou 30, mas o 30 ficou no meu subconsciente. Quando nasci, meu pai tinha entre 29 e 30 anos. Também ficou no meu subconsciente. Foi aí, no se vira nos 30, que o nosso relógio biológico, meu e da minha mulher, começou a acertar os ponteiros. Ela queria ter filhos. No fundo eu também, mas não sabia.
O ano 2001 foi marcante. Dois mais um, novesfora 0 e olha aí o três novamente. Uma odisséia no espaço. Além de ser o ano do início da gravidez da minha filha mais velha, no espaço aéreo de Nova Iorque acontecia o atentado às torres gêmeas. Olha Nova Iorque aí também. Não tinha comentado antes aqui, mas meus pais namoraram, viveram e engrenaram o casamento deles em Nova Iorque. Assisti ao atentado, a partir do segundo avião que se chocou contras as torres, ao vivo pela TV. Parecia uma cena de filme, mas era real. E no Brasil é que já era o real desde 1994. O cônsul de Israel, soube mais tarde, morava em frente da minha casa. Logo em seguida ao atentado, uma patrulhinha da PM foi fazer plantão na frente da minha janela. Ficou lá por dias, talvez meses. Olha a globalização aí. Eram os efeitos do atentado afetando diretamente a minha janela. Dez anos depois e, quem diria, Inês é morta e Bin Laden também!
Se 2001 foi marcante, 2002 foi mais ainda. Como já disse, foi o ano que minha filha mais velha nasceu. Morávamos, de aluguel, numa casa de vila no Jardim Botânico e fomos, em seguida, para o Humaitá. No novo bairro, tivemos que apagar um incêndio. O apartamento, alugado, pegou fogo um dia após a mais velha completar um ano. Até então eu trabalhava como freelancer e não era como bombeiro. O aniversário da minha filha mais velha é 12 de julho. Um mais dois e olha o três novamente.
Eu comecei a trabalhar num organismo internacional da ONU pouco antes da minha filha nascer. Fiquei todo bobo. ONU? Que chique! Nossa vida mudou radicalmente. Tenho certeza de que o empurrão pra melhorar de condição veio da necessidade de criar e educar uma criança, no caso a mais velha. Passei quatro anos naquela agência da ONU. Quando a minha mulher engravidou pela segunda vez, eu ainda estava na tal agência. Meu filho mais novo nasceu em fevereiro de 2006 e quando ele tinha três meses, olha o três de novo, eu fui trabalhar numa empresa de telecom. Novo empurrão, no caso do mais novo! Passávamos, por necessidade, um período na casa da minha sogra, onde o guri nasceu, e depois fomos morar na Gávea – de novo o aluguel - no mesmo período em que mudei os rumos profissionais.
Quatro anos mais tarde, a história se repetiu. Mudei de emprego, tivemos o terceiro filho, mudamos de apartamento. Agora estou numa empresa que atua em várias frentes, entre elas petróleo e mineração. O nome da empresa tem três letras, a mesma quantidade de letras de “Rio”’, cidade onde ela investe bastante. Em 2014, temos a Copa do Mundo, em 2016, as Olimpíadas e o Rio vai bombar! Se bobear vem o quarto filho e uma nova mudança de emprego. Quem sabe nessa eu compro o sonhado apartamento. Mas agora são quase três da manhã e acordo às 6h pra levar a mais velha ao médico. Vou dormir só três horas. Hoje já é 20 de maio, amanhã 21, e temos o futuro pela frente. Boa noite!

terça-feira, 10 de maio de 2011

A FELICIDADE HÁ DE BATER À PORTA

Era segunda-feira e Fulano acordava. Ao abrir os olhos, lembra-se imediatamente do personagem central de um livro do Lourenço Mutarelli que agora lhe fugia da memória. Lembra bem do personagem mas o nome do livro nada.

Na história, Paulo é um analista de sistemas que desaparece junto de sua mulher e sua filha. Após um ano, ele retorna sem lembrar o que lhe aconteceu e muito menos sem saber o paradeiro das duas. Pra piorar a situação, o personagem diz à terapeuta não sentir a falta delas. A única coisa que sente é um cansaço extremo.

Ao lembrar-se do enredo do livro no seu sonho, Fulano entende perfeitamente a razão de seu mau humor. Era segunda-feira e ele acordava sentindo-se desorientado, assim como o personagem do livro.

- Aqui estou eu às ordens de mais uma semana capitalista. Ah, diacho!! Até ontem estava tudo bem. Prainha com a patroa, cinema com as crianças, ilusões, sonhos, fantasias... até sexuais, transa no final do dia....

Naquele entardecer de último dia do final de semana não havia contas a pagar. Afinal, era domingo, pé de cachimbo, malandro é o gato e tudo são flores.

- Eu sou apenas mais um rapaz latinoamericano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes, sobrenomes e salamaleques - elocubrou.

Na sala do pequeno apartamento alugado de dois quartos e cheio de infiltrações, um porta-retrato com a foto imortalizada no dia do casamento, vinte anos passados, fazia Fulano lembrar-se de quem era.

- Sujeito homem, casado, barbado, pai de família, que às vezes vacila e na maioria acerta na mega sena, na mega sina. Super mega enrolado, mas boa gente. - classificou-se.

- Tá, tá bom, mas....voltando à vaca fria, quem sou eu? - indagou.

A correspondência do banco que chega por debaixo da porta e não perdoa, além do porta-retrato na sala do pequeno apartamento de dois quartos e cheio de infiltrações, é outro indício que o faz lembrar. Ele é aquele CPF, aquele FDP. É, filho da puta mesmo. Aquele nome no SERASA. Mais um na estatística. Mais um a responder o senso do IBGE.

Fulano era também mais um a jurar que fazia juras de amor eterno ao modelo vigente, mas sem juros, interesses e segundas intenções.

- É segunda-feira - se lembra de novo Fulano ainda deitado na cama sem forças pra levantar.

- É dia de botar o terno. Mesmo sendo eu sujeito carinhoso e terno, tô na selva, tô na briga. Tô na chuva pra me molhar - defendeu-se.

Fulano estava mesmo se sentindo um tremendo frango de padaria, desossado e duro. Mas ele é brasileiro e não desiste nunca.

- Apesar de você, como diria o Chico, amanhã há de ser outro dia. Hoje é segunda, amanhã é terça e a esperança é última que morre. O Paulo e o Lourenço Mutarelli que me perdoem, mas a felicidade há de bater na minha porta. Ah se vai!

SABADOS PARA TWITTER

Sábado de outono ativa o tonus muscular. A mente. Nada acontece de repente. É preciso plantar. Se cair, se levantar. O melhor acontece, ah!!


Sábado se sabe sabido e sabático. Tudo cabe no sábado. E dele que tudo emana. Infinitas possibilidades no melhor dia da semana!


Sábado de sol, lá pra se fazer um fá do. Sem dó, pra si be mol, be mim, sem ré pedir.

TESTAMENTO

Doença, miséria e fome.
E nisto tudo onde está a mão do homem?
Que consumo ele consome?
Pra quem sorri? O que come?
Por quem chora?
Será pelos mendigos abandonados e com frio na barriga ?

Quanta briga! Quanta briga!
E nisto tudo, a quem acaricia cheio de intolerância e malícia?
Por que praças caminha? de quem se avizinha?
e a quem aborda?
A quem canta parabéns? por quê tanto se apega a seus bens?
E se nada é de ninguém, estamos todos no mesmo barco.

Deixe a vida te levar. Mas não perca a direção.
Fixe um norte na mente. Plante uma semente. Deixe viver.
Dá um abraço, estende a mão.
Encontra um sentido maior. Pede desculpa.
Quem sabe você se encontra num ponto de ônibus à luz da lua.

Do mesmo lugar que você saiu.
Volta às origens, a quem te pariu.
E já que você é Homem, perdoa.
Doa, a quem doa.
E começa de novo!

domingo, 8 de maio de 2011

O QUINTAL E A VARANDINHA

Tenho me esforçado muito para que meus filhos tenham uma infância com boas lembranças na idade adulta e a um quintal, como eu tive. Peço a Deus que fique marcado em seus corações e mentes muito mais os passeios de domingo ao Jardim Botânico, as constantes idas ao Shopping da Gávea, o quintal do nosso apartamento, ou mesmo as inúmeras idas ao teatro, ao Oi Futuro, do que as vezes que já não posso mais contar com os dedos das duas mãos, em que, sem paciência, bati ou briguei com eles.
Infância é sagrada. E sagrado é também o direito de ter uma boa infância. Minha responsabilidade como pai é grande. Não me furto dela nem fujo da raia. Quero ser um pai presente que se orgulhe de ter construído uma relação sólida com os filhos. Falo isso hoje, quando as crianças estão pequenas ainda, mas escrevo também pensando em ler estas linhas daqui a 10 anos quando a infância de ambos, Clara e Francisco, já tiver passado, e eles forem ( serão) felizes adultos. Terei cumprido minha tarefa, meu objetivo?
Hoje, andando pelo Posto 6, em Copacabana, parece que passa um filme em minha cabeça e eu me vejo ali, naquele mesmo quarteirão, 25, 30 anos atrás. Foi na rua Raul Pompéia, nome de poeta e escritor vim a saber mais tarde, que eu literalmente descobri o mundo. Nasci numa casa em Ipanema e com um ano de idade mudamos para o Posto 6. Ali, fiquei até mais ou menos 1990, quando eu tinha por volta de 18 anos.
É, os primeiros 18 anos da vida de uma pessoa também marcam bastante. O sujeito passa pela infância, adolescência e finalmente chega à idade adulta. A primeira carteira de motorista, ah, a primeira namorada, primeiras tantas coisas..... “Sem querer fui me lembrar de uma rua e seus ramalhetes...”. Os versos da música do Tavito marcaram demais a minha infância, inicio de adolescência, e marcam até hoje. Tenho um carinho enorme por essa música e o Tavito nem sabe. Essa música me remete instantaneamente à minha infância.
No inicio de 1982 fui à Bolívia. Aquela viagem foi mágica. Eu já tinha ido à Bolívia uma vez pra visitar meus avós, mas era muito pequeno, tinha cerca de 3 ou 4 anos. Mas da segunda vez, eu já tinha 10 anos. É, 10 anos! Foi lá que eu soube, pelo rádio, que a Elis Regina tinha morrido. Foi um baque pra mim. Talvez o primeiro da minha vida. Eu tinha 10 anos e não tinha noção da importância dela na música brasileira. Mas alguma coisa dentro de mim me dizia que era uma grande perda. Hoje eu vejo pelo You Tube as imagens do velório dela e fico imaginando. Pôxa, eu soube pelo rádio que a Elis morreu, não estava no velório dela mas hoje tenho a oportunidade de me transportar pr’aquela situação. Que coisa fantástica a tecnologia!

Mas voltando à Bolívia, eu quero muito levar meus filhos lá, sabe. Quero que eles saibam que as nossas origens estão na Bolívia, tanto quanto estão no Rio, São Paulo, Minas ou Portugal, quanto também estão no Rio Grande do Sul, Uruguai, Minas também, etc, pelo lado da mãe deles. Aliás, eu quero levar os meus filhos a todos estes lugares e a outros mais. Quero levá-los a Nova Iorque. Costumo dizer, pra mim mesmo, que é de lá que eu venho. Foi lá que meus pais namoraram e depois vieram a se casar no Rio de Janeiro. O casamento, é bem verdade, não deu lá muito certo. Mas gerou este ser que está aqui agora escrevendo estas memórias. Mas sabe de uma coisa? Não estou aí se o casamento não deu certo. É preciso respeitar o livre arbítrio de cada um, seja quem for. Não era pra ser, pronto. Foi na Raul Pompéia que meus pais se separaram. Eu fiquei muito triste quando isso aconteceu, mas como acabei de escrever, agora já passou. Tudo passa e o melhor sempre acontece.
Incluída aí a viagem à Bolívia já citada, em 1982, os anos 80 foram muito marcantes pra mim. Foi um período de transição. Logo no início dos anos 80, no final de 1981 eu troquei de colégio. Troquei por que repeti o ano. No Cruzeiro, deixei grandes amigos. Os primeiros que fizera na minha vida. Particularmente cito dois deles, Leonardo Marotte e Renato Marchon, e suas famílias. Não fazíamos nada separados. Desde a natação até os finais de semana em Friburgo, Vassouras ou Arraial do Cabo.
Particularmente, lembro de uma ocasião em que estávamos dormindo na casa de Arraial dos Marchon que foi invadida durante a madrugada. Os assaltantes rondaram a casa mas não entraram. Apesar de meu irmão afirmar e apostar que, sim, eles entrarão, eu não me lembro disso. Em outra ocasião, estávamos todos nós, os amigos inseparáveis e suas famílias em Friburgo, na casa dos Marotte. De repente um de nós entrou no corcel azul da família do Renato, estacionado no quintal, e soltou o freio de mão. O carro desceu terreno abaixo. Foi um milagre que não havia nenhuma criança na frente do carro. Era um abraço!
Mudei então de um colégio alemão, o Cruzeiro, no centro da cidade, para outro na beira da praia do Arpoador, o Isa Prates. Ali nos fundos do colégio, aliás, que nasceu o Circo Voador que migraria pra Lapa pouco depois. Foi uma transição difícil. Sai de um colégio com padrão mais rígido, alemão, para outro um pouco mais flexível, que tinha mais força nas matérias de humanas, apostava nas aulas de teatro e nos campeonatos intercolegiais.
Ao invés de acordar às 6h da manhã e me apressar pra pegar a condução do Cruzeiro, que fazia um verdadeiro tour pela zona sul pra buscar todos os alunos e levá-los a fim de que estivessem às 7h30min em sala de aula, eu passei a poder acordar um pouco mais tarde e ir a pé pra escola. Eram os anos 80, meus amigos, e não havia nem sombra dessa violência toda com a qual a gente convive hoje.
No caminho da escola, mais ou menos na esquina da Bulhões de Carvalho com a Francisco Otaviano, nos tínhamos encontros eventuais e regulares com um tal de Doidão. Doidão era um pivete, um pivetinho. Uma espécie de Zé Pequeno do filme “Cidade de Deus’, guardadas as devidíssimas proporções e fazendo as devidas distinções. Doidão metia medo na gente, acho que com um pequeno canivete, e nos levava, de mim e de meus amigos, pequenos adereços da época como relógios water proof, entre outros. Nunca me encostou a mão. Eram outros tempos, cavalheiros. Até os assaltantes tinham mais classe. Por onde andará você, Doidão?
Na Raul Pompéia morávamos num apartamento térreo. Era como se fosse uma casa, pois tínhamos um quintal inteiro pra nós. Ali jogávamos futebol, ping pong, entre outras brincadeiras de criança. Mas nem tudo eram flores no quintal. Também havia ratos, que subiam para o apartamento. Desde cedo, convivi com ratos em nossos quartos e pela sala. Mas no final das contas era divertido sair perseguindo os ratos com cabo de vassoura. Pobre de mim que matava os ratos na infância e hoje não posso matar os ratos da política e da corrupção.
Já adulto e morando no Leblon, soube, com frustração, que o condomínio do Edifício São José – este era o nome do edifício - nos tomara o quintal do apartamento de propriedade da minha família, que hoje está alugado para ilustres desconhecidos que não sabem da missa a metade e não têm ideia do que passei naquele apartamento. Tínhamos três quartos e espaço de sobra. Meus filhos teriam gostado do quintal que tínhamos. Hoje eles têm um espaço mínimo apertado entre um quarto e outro, carinhosamente chamado por eles de “varandinha”. São outros tempos, alguém irá dizer. Mas todos deveriam ter direito a um quintal como eu tive!
Adaptado ao Isa Prates, em 1983, com 11 pra 12 anos, eu começara a fazer outras amizades. Particularmente cito o Alessandro ( Kiko) Meirelles, o Guilherme Araújo e o Eduardo Frota. Foi com estes grandes amigos que comecei a jogar botão. Fazíamos campeonatos e disputávamos os melhores times. Foi nesta época que ganhei uma mesa de ping pong de aniversário. Com uma mesa no quintal, eu passei a treinar bastante. Kiko, Duda, Guilherme e eu fazíamos campeonatos de duplas. Eu dormia muito na casa do Kiko. Foi lá, no dia 21 de abril de 1985, que eu assisti na televisão a notícia da morte do Tancredo Neves. Outro baque. O Kiko também tinha uma cachorrinha, a Monique. Por onde andará você, Monique? Apesar de eu ter um belo quintal, o futebol só tinha graça na casa Duda, que ficava na Sá Ferreira. Jogávamos no térreo, num espaço que até hoje não sei definir se era um play ou algo semelhante. Uma rua depois, na Souza Lima, era a casa do Guilherme. Foi lá que vi pela primeira vez alguém tocar guitarra. Ele mesmo, o Guilherme. E foi neste intercâmbio de casas e atividades que os anos 80 se passaram pra mim. Espero e peço a Deus que meus filhos tenham direito a, como na música, uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela pra ver o sol nascer. Um belo quintal onde possam plantar seus sonhos e deixar sementes de amor. Filhos, papai ama vocês!

domingo, 1 de maio de 2011

UNO

Uma folha em branco me espera. Respiro fundo. Escriba que sou, escrevo. Escravo, a moda antiga, cravo a caneta no papel ou os dedos no teclado. Dedilho um violão. Violo os sentidos. Ao lado, uma planta me olha. Me sapeca um sorriso. Me pede água. Eu dou. Entre nós, a planta e eu, fazemos linguagem dos sinais.
Sina? É a minha de escrever, cravar, cavar a palavra, apalavrar. A pá levar ao pé da serra. Me erra! Mas eu me convenço. Venço a batalha com a caneta, com o teclado. De mim sai um personagem inspirado. Ao meu lado, além da planta, apenas eu. O uno é igual ao todo!

É MAIO!

É maio! É meu! É nosso!
A esperança das noivas, o carinho nas mães. A vida na palma das mãos.
Os irmãos da estação, a próxima parada.
Não é nada, não é nada!
Mas é maio.
O sol, o outono, o calor ameno.
Sem temporais, sem dilúvios, sem enchentes!
A vida pulsa! A vida é:
Gente passeando na rua, sem suor, sem camisa, só na brisa.
Vai embora dengue, é maio!
Não tem febre, não tem desmaio.
Não tem pra ninguém. É maio!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

FESTA NO JAZIGO

Um dia ideal na vida de José Maria Azedinho


José Maria Azedinho tinha 80 anos e há não muito tempo havia perdido
seu pai, que chegou quase aos 100 anos e morreu de causas naturais.
Azedinho era um doce de pessoa, gostava de construir prédios e
acompanhava suas obras se deslocando pra lá e pra cá, dirigindo o seu
próprio carro. Tinha uma bela família, esposa, três filhas, três
genros e três netos. Foi pai mais tarde e avô tardio também.
Era sujeito realizado, católico praticante, bom conselheiro e gostava
de discutir política. Chegou a candidatar-se numa ocasião ao cargo de
vereador na cidade onde vivia, no interior de Minas. Pobre homem,
era muito honesto, também muito crédulo e um sonhador: não foi
eleito.
E foi numa noite dessas que o sonhador teve um sonho, após largar na
cabeceira seu livro preferido, “ Nove Estórias”, do escritor americano
J. D. Salinger, para entregar-se ao sono. Zé Maria interrompeu sua
leitura exatamente quando acabara de ler o conto “Um dia ideal para os
peixe- bananas”. Como bem sabem os apreciadores de Salinger , o conto
acaba em morte.
No dia seguinte, Zé Maria acordou intrigado e associou o final do
conto com um dos sonhos que tivera durante a noite. Ele via seu velho
pai, Luiz Gonzaga, que na Terra era professor de matemática e no Além
continuava a exercer o tal ofício. O pai estava bem, mas parecia quer
dizer algo. Tão claro como dois e dois são quatro, Azedinho
revestiu-se de uma certeza.
- Preciso mandar reformar o jazigo da família. Pintar, lustrar, limpar
e fazer uma bela missa de reinauguração, com direito a padre, reza,
terço e bênção. Assim, meu pai se sentirá melhor – interpretou.
Foi então que Azedinho, super animadinho, começou a mexer seus
pauzinhos como há muito não mexia. Mandou chamar seu Dias de Pinto,
capataz de suas obras, que lhe fazia serviços particulares havia anos,
entre os quais cuidava da conservação do jazigo da família.
Seu Pinto, de sobrenome consagrador, só não consagrava mais a esposa,
Raimunda. Todas as noites, esperançosa, Raimunda
aprontava o jantar e preparava-se como sobremesa a seu ver apetitosa
para os apetites satisfeitos do marido voraz que durante as noites
pintava jazigos, cometia adultérios e despautérios!
Raimunda, depauperada, coitada, só murmurava:
- Vem Pinto, vem. Vem fazer coelhinho na vagava. E o Pinto, manso, nada.
- Mas que nada, sai da minha frente que eu quero passar. O cemitério
tá animado, hoje eu quero é ir pra lá – parodiou Benjor.
E assim, todas as noites, no período em que pintou o jazigo, seu Pinto
saía de casa no horário nobre da novela, deixava sua esposa no jardim
da saudade e dirigia-se ao cemitério para terminar o “silviço”.
Enquanto isso, seu Zé Maria, sem saber da missa a metade, era pura
ansiedade do outro lado da cidade.
Mas num belo raiar de dia, contados sete, de trabalhos intensos e
folia, seu Dias adentra a casa de Zé Maria, trazendo a novidade:
- Alegria, alegria, seu Zé Maria. É hora da Ave Maria, o jazigo se
anuncia. Chega de melancolia. Pode chamar a família e mandar convite à
freguesia.
Zé Maria, que não cabia em si de felicidade, mandou chamar a
secretária à sua presença.
- Bença padrinho - disse Florisbela, que tinha coxasbelas e era
afilhada sua. - Como posso lhe ajudar?
- Quero que você prepare um mailing e envie convites para o prefeito,
bom sujeito, demais autoridades, amigos e família. Não se trata de
pleito, mas será um big evento!
- Padrinho, mail..o quê? Pleito?
Florisbela era bela, esforçada, e cheia de boas intenções, mas às
vezes dava mancadas.
Zé Maria, certo de que o entendimento ia piorar, afinal diria
palavras mais difíceis, como “jazigo”, respirou fundo, contou até dez,
e entoou um mantra mentalmente:
- Minha filha, preciso que você mande convites para a inauguração do
jazigo da família.
Florisbela acionou a tecla sap, jogou o cabelo pro lado, engatou a
primeira e foi-se. Dois dias depois, toda a cidade já sabia da
novidade.
Era dia de festa, dois de novembro, feriado de Finados. A cidade
reuniu-se em peso. Do prefeito à Raimunda, esposa de seu Dias, todos
extasiados.
- Onde já se viu? Inauguração de um jazigo só mesmo no Brasil! E já
que estou aqui, vou fazer um discurso – bradou o prefeito, bom
sujeito.
Zé Maria, aflito, pra não botar água no chopp, deixou o prefeito fazer
as honras, mas disse solene:
- Meu dileto prefeito, bom sujeito: pra não quebrar o decoro, tens
direito ao discurso, mas avisa a teus eleitores que nem tudo na vida
são flores, que neste jazigo mando eu e tenho dito.
Nesta hora, pra por fim à cerimônia e dar o veredicto, chega o padre,
apressadinho e atrasadinho. Em nome da Santa Igreja Católica, o padre
foi atender ao chamado e ganhar uns caraminguás.
- Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo declaro inaugurado o
jazigo Azedinho, que serve de morada para os corpos que aqui
descansam.
Finalizando, leu a frase na lápide:

- Nós que aqui estamos por vós esperamos.

Ouvem-se fogos de artifícios e música eletrônica a todo volume.

domingo, 24 de abril de 2011

A SAÚDE E A FORTUNA

Entramos no quiosque de flores. Sugiro às crianças que levem para a avó alguma flor que simbolize saúde. A mais próxima sugerida pela atendente é a fortuna.

- Papai, por que essa flor se chama fortuna? A primeira pessoa que comprou ela ficou rica?
- Filhinha, papai não sabe. Vamos pesquisar na internet?
- Tá bom, papai.

Havíamos acabado de comprar um vaso cheio de fortunas e outro de begônias para a avó dos meus filhos, que se tratava de um câncer e estava hospitalizada, quando Clara, de 8 anos e meio, fez a pergunta sobre o nome da flor da fortuna. Era domingo de Páscoa. Pouco antes, ainda no quiosque, uma senhora que declarou-se avó também, se encantou com o gesto e o carinho demonstrado pelas crianças, interessadas que estavam em escolher bonitas flores para a avozinha.

- Estão levando as flores para sua mãe? – perguntou, curiosa.
- Não! É pra nossa avó que está doente no hospital – disseram os dois, quase como se tivessem combinado a resposta.
- Nota-se que vocês são crianças muito bem educadas. Parabéns! – retrucou a senhora.

Ao me perceber diretamente elogiado, eu, que ainda estava me sentindo culpado por ter brigado e perdido a paciência com os dois, pouco antes, em casa, pensei imediatamente com meus botões:

- Essa senhora não sabe de nada. Elogio pra mim? Eu mereço? Bem educados? Acabo de perder a cabeça com meus filhos e olha só o resultado. Mas em minha defesa rapidamente também pensei: - Amor também se planta, se semeia, aqui estou eu tentando equilibrar o jogo.

Chegamos à clínica e o resultado não poderia ter sido outro. A avó se encantou com o presente e com os cartões das crianças. A voz ficou embargada. Naquela posição de fragilidade, não perdeu o rebolado nem mesmo quando uma das crianças perguntou o que era o zigue zague que ela tinha no rosto.

- Zigue zague??? Espantaram-se os adultos ao lado, para em seguida concluírem que poderia ser uma referência às rugas da avó.

Criança não se aperta de jeito nenhum, pensei. Se não sabem nominar o que querem dizer, imediatamente inventam a palavra e são entendidas. Ai dos pais se não entendem.

Após o comentário, ganharam seus ovinhos da vovó e saíram, felizes, alma leve e lavada, para o almoço de Páscoa!


Resultado da história da fortuna: dinheiro não nasce em árvore mas amor nasce. As crianças acabam de provar isso.


Em tempo: Fui à internet e pesquisei. Diz a wikipedia: A flor-da-fortuna (Kalanchoe blossfeldiana) pertence à família das crassuláceas, originária da África. Possui folhas suculentas sendo resistente ao calor e a pouca água. Os tons desta linda flor, variam entre vermelho, alaranjado, amarelo, rosa, lilás e branco. Abre parênteses: a fortuna escolhida pela Clara era amarelinha. Geralmente alcança uma altura máxima de 30 cm e se adapta a um solo solto bem drenado e fértil. Os locais indicados para o cultivo são lugares bem iluminados (varandas e jardins), pois a planta é bastante resistente. As folhas e as flores não devem ser molhadas, porque podem apodrecer.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

ÓCULOS

Esta noite sonhei que havia trocado de óculos. Sou portador do adereço há muitos anos, desde pequeno. Quando descobri a vida, já foi com uma visão míope dela. Ainda assim, caminhei, caminhei procurando agulhas no palheiro. Mesmo de óculos não as achava. Tudo bem, fiquei pensando que durante todo este tempo eu, de fato, usava óculos. Ora, mas algo me impedia de ver a vida com a plenitude de suas cores e sinais. Talvez fosse o diagnóstico de quantos graus eu tinha. É.... talvez fosse. O fato é que esta noite, através do sonho, me dei conta de tudo. Estava usando um óculos não conforme. Bingo. Uma vez tendo me dado conta disso, a partir de hoje sou outra pessoa. Uma pessoa com óculos de acordo. Com óculos no grau e no padrão certos. Padrão certo? Ah tá bom, e por acaso existe padrão certo? Por acaso alguém aí muda da noite pro dia? Tudo é processo. A vida é um conjunto de processos, um conjunto de situações e experiências. A nós cabe filtrar o melhor de cada experiência apreender e aprender. Por meio do que vivemos, evoluir e crescer. É isso! Amanhã mesmo vou ao oculista!

terça-feira, 12 de abril de 2011

SEGUNDA-FEIRA

Hoje, quando abri os olhos, entendi perfeitamente a razão do meu mau humor. Atende pelo nome de segunda e o sobrenome de feira. Não necessariamente nesta mesma ordem, vá lá! Segunda-feira e eu estou às ordens de mais uma semana capitalista. Ah, diacho!! Até ontem estava tudo bem. Prainha com a patroa, cinema com as crianças, ilusões, sonhos, fantasias, até sexuais, transa no final do dia... Alegria, alegria, bradou Caetano, diretamente de algum exílio.
Naquele entardecer de final de semana não havia contas a pagar. Afinal, era domingo, pé de cachimbo. Malandro é o gato e tudo são flores! Eu sou apenas mais um rapaz latino americano, sem dinheiro no bolso, sem sobrenomes e salamaleques. Na sala do pequeno apartamento de dois quartos um porta-retrato me faz lembrar quem sou. Sujeito homem, casado, barbado, pai de família, às vezes vacila e na maioria acerta (pelo menos tenta) na mega sena, na mega sina. Super mega enrolado, mas boa gente.
Tá bom, mas....voltando à vaca fria, quem sou eu? A correspondência do banco que chega por debaixo da porta e não perdoa logo me faz lembrar. Sou aquele CPF. Aquele FDP. Mais um na estatística. Mais um no borderô. Mais um que juro faz juras de amor eterno ao modelo vigente mas sem juros e interesses. Segunda-feira, dia de botar o terno. Mesmo sendo eu sujeito carinhoso, terno, tô na selva, tô na briga. Tô na chuva pra me molhar, pra me melhor. Tremendo frango de padaria, desossado e duro.
Tá bem, mas agora é tarde. Vou dormir. Pra você aí que está se dando ao trabalho de me ler, vou “deslogar” do facebook e dormir o sono dos justos. Sonhar não custa nada. No meu banco, da praça aqui em frente, eu não devo. Apenas deito e durmo. Amanhã é mais um dia. Daqui a pouco é domingo e de novo segunda-feira. Não tem jeito. O melhor é viver e ser feliz!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Antes que eles cresçam

Affonso Romano de Sant'Anna


Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.

É que as crianças crescem. Independentes de nós, como árvores, tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. Crescem como a inflação, independente do governo e da vontade popular. Entre os estupros dos preços, os disparos dos discursos e o assalto das estações, elas crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância.

Mas não crescem todos os dias, de igual maneira; crescem, de repente.

Um dia se assentam perto de você no terraço e dizem uma frase de tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.

Onde e como andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal?

Ela está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais, ao volante, esperando que saiam esfuziantes sobre patins, cabelos soltos sobre as ancas. Essas são as nossas filhas, em pleno cio, lindas potrancas.

Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão elas, com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros ou, então com a suéter amarrada na cintura. Está quente, a gente diz que vão estragar a suéter, mas não tem jeito, é o emblema da geração.

Pois ali estamos, depois do primeiro e do segundo casamento, com essa barba de jovem executivo ou intelectual em ascensão, as mães, às vezes, já com a primeira plástica e o casamento recomposto. Essas são as filhas que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas. E elas crescem meio amestradas, vendo como redigimos nossas teses e nos doutoramos nos nossos erros.

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.

Longe já vai o momento em que o primeiro mênstruo foi recebido como um impacto de rosas vermelhas. Não mais as colheremos nas portas das discotecas e festas, quando surgiam entre gírias e canções. Passou o tempo do balé, da cultura francesa e inglesa. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Só nos resta dizer “bonne route, bonne route”, como naquela canção francesa narrando a emoção do pai quando a filha oferece o primeiro jantar no apartamento dela.

Deveríamos ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de colagens, posteres e agendas coloridas de pilô. Não, não as levamos suficientemente ao maldito “drive-in”, ao Tablado para ver “Pluft”, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas.

Elas cresceram sem que esgotássemos nelas todo o nosso afeto.

No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, comidas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhas. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de sorvetes e sanduíches infantis. Depois chegou a idade em que subir para a casa de campo com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma aqui na praia e os primeiros namorados. Esse exílio dos pais, esse divórcio dos filhos, vai durar sete anos bíblicos. Agora é hora de os pais na montanha terem a solidão que queriam, mas, de repente, exalarem contagiosa saudade daquelas pestes.

O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso, os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.

Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas cresçam.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Segundo Tempo

A vida começa!
Aos 40, a caravana chega.
O rosto "enjuvenesce".
O que passou......esquece.
Agora, a vida começa. Essa.
A outra já foi.
Já é!
A cara passa em revista, a carapuça.
Veste?
A cara pulsa. O sangue corre.
Vira a folha do livro.
Deus te livro! Te socorre.
A página em branco é sua.
Sua e consegue.
São 45 minutos do segundo tempo pra você vencer!

O Vinho

O vinho, que era branco, enviúva da uva.
Quem vai salvá-lo?
Aqui na sala, sou eu quem falo.
Quando bebo, me calo.
Não tem jeito.
Remediado está.
O melhor acontece, deixa estar.
Deixa na sala de estar.

QUANDO ABRIL CHEGAR

Aos ventos, eventos mil.
Que não voltem as chuvas de abril.
Se voltarem que não tragam tragédias.
Que tragédias não nos traguem.
Em plena juventude, em pleno brilho.
No auge do processo criativo.
Que se chama vida.
Que se chama fogo!
E queima e arde!
Invade e arrebenta
Arrebata! Abril? Fechou.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A Falta Que Ela Nos Faz

Durante um mês fiquei sozinho com meus dois filhos. Minha mulher, que é professora de italiano, além de atriz, viajou à Itália a fim de fazer um curso de atualização para professores de italiano.
O período que passei com meus filhos, sem a mãe, foi muito rico. Participei mais ativamente da rotina deles. Diariamente, com apoio da empregada e dentro do possível, ajudava nas tarefas escolares, verificação das agendas, uniformes, lanches, etc. Tudo isso à distância. Tudo isso muito perto. Indiscutivelmente, fiquei mais próximo deles.
Todas as noites, quando eu chegava do trabalho, eles já estavam jantados, banhos tomados, e ansiosos, me esperando. Ansiosos, em parte, pela carência que a ausência da mãe desperta, e por outro lado, ansiosos pela chegada do pai.
A saudade da mãe foi grande. As crianças choraram algumas vezes. Clara, de 9 anos, a mais velha, principalmente. Francisco, de 5, também muito apegado à mãe, levou a situação na maciota.
Para matar as saudades da mãe as crianças faziam teatro pra me apresentar ou confeccionavam com papel, pilot, tesoura e adereços, pequenos e singelos presentes, desenhos e declarações para mãe.
Para dormir, invariavelmente e com a nossa cama vazia, eu migrava para um colchonete estrategicamente colocado no chão e ao lado da bicama das crianças. Tudo, regado às boas companhias da Clara e do Fran, que, após uma historinha qualquer, dormiam como anjinhos embalados pelo ar condicionado a pleno vapor, sem o qual a nossa saudade da mãe e da mulher acabaria por esvair-se em suor.