Palavras à Milanesa

Palavras à Milanesa
Não! Este blog não é de gastronomia. Mas de palavras. À Milanesa. Palavras simples como este prato de arroz com feijão, bife e batata frita.

sábado, 15 de abril de 2017

Des co(m) nexos




Comprei um caqui na feira. Gosto de mulheres com cabelos compridos.
Se eu namorasse uma cineasta seria ótimo.
Comprei bananas. Na feira. Tropecei nas cascas.
Se eu namorasse uma poeta seria ótimo.
Comprei um pouco de paciência com dinheiro trocado.
Gosto de mulheres altas.
Um amigo de juventude está cheio de processos na Justiça.
A vida é justa.
Uma amiga segue seu tratamento contra uma doença que molesta o corpo.
Mas sua mente está ótima.
Gosto de mulheres determinadas. Minha filha não fala comigo há três anos.
Estou procurando uma sócia para morar numa casa de vila.
Estou em busca de uma vitrola pra tocar os LPs que herdei de meu pai e de minha mãe.
Devolva o Neruda que você me tomou.
Estou em busca.
O amor é químico.
A bomba atômica é química.
E o senhor da guerra não gosta de crianças.
O amor é troca de energia.
O amor é entrega.
Steve Wonder é cego.
Baudelaire gostava de animais.
Minha avó não gostava de animais. Não torcia pela seleção brasileira.
Amanhã estou indo pra Síria. I left my heart in San Francisco.
Last but not least the lady is a Trump.

Lamento do Amor Ligeiro




É fácil esquecer de um amor que daria certo:
Basta não ouvir a voz do coração.
Assinar um veto.
Estar longe querendo estar perto.
Tratar diferente, ser formal.
Encerrar um amor que daria certo é ir contra a corrente
Não ser coerente,
É mergulhar fundo no não.
Ir contra o fato e o ato.
Ter como resposta a solidão.
É errar a mão no verso.
Na melodia, no acorde.
Usar de outro tom.
Acorde, Acorde! Ainda há tempo!
Encerrar um amor que daria certo é quase sem perceber.
Quase sem querer, mas querendo.
É caminhar contra o evento.
E sentir que menos é menos.
E já não dá mais pra estar junto.
Mesmo com todo o tempo do mundo.
É sem explicação.
Encerrar um amor que daria certo é abreviar.
É encerrar o assunto