Palavras à Milanesa

Palavras à Milanesa
Não! Este blog não é de gastronomia. Mas de palavras. À Milanesa. Palavras simples como este prato de arroz com feijão, bife e batata frita.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

VIOLONISTA, PEBLEU E JARDINEIRO

Eu sou um violonista e nesta condição percorro as ruas, as praças públicas, dias e noites a cata de um lugar onde apresentar minha música e minha maneira de ver a vida, cantá-la e tocá-la.
Eu sou um plebeu, um mero servo de Deus a propagar a canção pelo mundo melhor que crio a cada dia. Ao meu redor, apenas e tão somente deixo que fiquem as boas almas, os bons espíritos e as boas energias.
O que seja hostil e doente que se cure para estar perto de mim.
Para estes seres envio minha energia positiva a fim de fazer a minha parte para sua melhora e recuperação.
Não sou nem serei o salvador do mundo. Mas carrego a minha cruz com dignidade, humildade e decência. Não deixo ônus nenhum para o mundo.
Serei sempre transparente e bom. Minhas ações serão pautadas pelo bem e ao bem servirei.
Tudo aquilo que me acontece só ocorre por que sou capaz de suportar.
A criatura maior, criadora do universo, me dá, a cada dia, provas para que as supere. Com fé e devoção sempre supero, certo que sigo um caminho reto, com flores e espinhos, para alcançar, no final, a luz do fim do túnel.
Além de violonista, que tem a música na alma, também atuo como jardineiro.
Em cada casa por onde passo, em cada jardim, deixo boas sementes, que crescem revigoradas pelo poder que Deus confere às minhas mãos.
Eu oro pelas plantas, assim como oro pelas criaturas humanas.
Eu oro e faço a minha parte. As plantas são o espelho do homem. Se elas morrerem os homens também morrerão.

CONTO DO VIGÁRIO OU ZÉ MARIO AZEDINHO INAUGURA CAPELA E LEVA FAMÍLIA PRA VER

Era engenheiro civil. Tinha 80 anos e adorava construir prédios. Andava pra lá e pra cá, acompanhava obras. Tudo isso guiando o próprio carro. Era incansável. Um belo dia, acordou de uma noite muito bem construída em seu inconsciente e bastante fértil. Havia sonhado com seu velho pai. Sujeito que morrera com quase 100 anos e nascera no distante século XIX.
No sonho, meio confuso, José Mário, via-se comprando vários galões de tintas naquelas casas barateiras no centro da cidade. Sentia também, no mesmo sonho, a presença e a voz do velho pai empurrando-o para tal tarefa. Ao despertar e aperceber-se de tudo, associou: “A capela. É isso, preciso mandar reformar e pintar a capela do papai pro Dia de Finados. Ele deve estar se revirando no túmulo e achando que eu esqueci dele”, pensou Zé Mario.
Passaram alguns dias e Zé Mário contratou seu Dias. Pedreiro, bombeiro, marceneiro, mestre de obras, pau pra toda obra e coveiro. Por isso estava sempre no São João Batista. À espera das mortes diárias que invariavelmente, fizesse chuva ou sol, aconteciam. Lá fazia bicos, espantava mosquitos e também se deparava com pedidos esquisitos, como o de seu Zé Mario.
Seu Dias passou noites trabalhando na reforma da capela. Precisava fazer aquele bico num horário que não fosse nobre. Pra ele o horário nobre era na parte da manhã. De noite quase sempre ele ia pra casa pra ficar no bar da esquina tomando “uns goró”, enquanto Lindaura, sua mulher, produzia o jantar e produzia-se como sobremesa quase sempre dispensada pelos apetites satisfeitos do marido ingrato. Pra quem não queria cumprir com suas obrigações conjugais um bico à noite não era mal.
Pois sim. O trabalho durou uma semana. Ao final daquela, exatamente no Dia de Finados, ficava pronta a obra de arte sacra do Seu Dias, de sobrenome Pinto, que não comparecia em casa, há dias, meses, e pintava aos sete as paredes enlutadas da capela do pai de Zé Mario, de sobrenome Azedinho, mas que era um doce de pessoa.
Zé Mário Azedinho acordou no Dia de Finados mais feliz do que em anos passados, pois naquele dia sua ida ao Cemitério não seria apenas uma visita fortuita para render homenagens a seus antepassados e suas raízes. E a seu velho pai, principalmente.
Preparado que só, Zé Mário planejou seu evento. Com antecedência necessária, mandou sua secretária, que dominava bem a linguagem da máquina, o tal computador, imprimir convites para a inauguração da nova decoração da Capela Azedinha. Secretária, de nome Kátia, a pedido do patrão, tratou também o padre, de sobrenome Conde, que atendia pelo nome de Pirajá. Pirajá de Conde. Rezava terço, ave-maria e pai nosso todo o dia no Outeiro da Glória, ou onde quer que fosse, no Rio ou na Bahia. Padre Pirajá, de batina e bota, foi buscado na Igreja da Glória no sábado pela manhã. Nunca havia feito missa em lugar tão pitoresco. “Tem doido pra tudo, com qualquer grau de parentesco”, pensou o padre, privando-se de formular resposta em respeito a Deus e à profissão que abraçara e de que gosta. Em caravana, partiram todos da família Azedinha, mais o vigário que, “pra” dar benção, ganhou contribuição a título de salário. Operário padrão de Deus, em nome da revolução.
Com orgulho no peito e devoção, Zé Mário apresentou a obra e sua conclusão às suas filhas, mulher, genro, primos, amigos e irmãos.
Muito grato disse ao capelão: “Oh vigário querido, dá tua benção sublime a este nobre instante da criação. Abençoai a capela reformada, última morada de meu pai Gonzaga, de nome João”. E todos foram embora da festa, felizes pensando em quem seria o próximo ter homenagens póstumas tão febris e belas como as que seu Azedinho preparara a seu velho pai.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

VIDA DEVOLVIDA






Diga 33! A meia noite de 12 (1+2) de outubro de 2010, dia da Criança, e da Nossa Senhora Aparecida, 33 mineiros, embaixo da terra desde agosto, aparecerão. De novo. A gosto de Deus. Nova certidão de nascimento. E se nascerão de novo, voltarão a ser crianças. Vida devolvida. Volvida vida de. Só Deus pode tirar a vida. Só Ele pode devolver! Respire, diga 33!

DA SÉRIE: FILMES PREFERIDOS NO PERFIL DO BLOG.












A ponte do rio Kway, em algum lugar do passado, me levou à sociedade dos poetas mortos.
E nós, que aqui estamos, por vós esperamos: a primeira noite de um homem.


HUMANOS

 

Bom, vamos nos escrever novamente. Recriar o de repente.
Saber como foi o que será.  Navegar.  Nave ver.  Novamente ser.

Buscar o imbuscável.  Sem representar.  Alimentar o passarinho que passará. Ver o verde que há, de verdade, em cada olhar.

Horizonte, a linha aqui defronte do ser que fui ontem. 
O que sou hoje, fruto do pretérito, futuro incerto, meta universal.

Buscar o trabalho, o trabalho, o trabalho, sempre.   Através dele é que nos reconhecemos e nos  conhecemos, integrantes desse meio terreno.
Sem meio termo. Sem termos o meio. Inteiros... Nossos comerciais por favor.


O ATOR

 

Dá a outra face e num instante se recompõe.
O ator está no seu papel, pronto pra continuar o jogo.

Louco, louco, louco.
O ator faz de tudo um pouco.
E tudo lhe cai bem. 
O personagem desce e vem.

Como uma luva.
Come uma uva, grita, berra, uiva.
Dá o texto, obedece marcações, chora, recita poemas, canções.

O ator é um grande liquidificador em permanente mudança dos paladares
que mistura e digere.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Rio Negro - São Gabriel da Cachoeira - AM- Eta lugar lindo!


MERCEDES SOSA!


La Negra Mercedes se fue pero ofreció su corazón, su voz.
Su magnitud!
Canta conmigo, canta. Hermano americano!
Pues, si todo cambia, yo sigo caminando y cambiando mi actitud.
Sólo lo que no cambia és nuestro sentimiento. El amor por tus canciones.
Por tu manera de hablar de cosas sencillas y a nuestra alma llegar.

Y vuelvo a mis diecisiete,  al día en te vi por primera vez.
Que magia en mi cuerpo adolescente.
Toda la piel de América en mi piel
Todo cambió, de repente!
Mercedes Sosa se hizo conocer por mi mente.

Duerme Negrito, que tu mamá está en el campo. Como la cigarra.
Yo, desde Brasil, solo le pido a Dios que te cuide. Que tu, Negra
querida, pueda cantar en la eternidad y alegrar a corazones y mentes de
los buenos espíritus que contentos están con tu llegada.

Para nosotros, que nos quedamos, para continuar, para recalcar y
considerar solo nos hace falta que estés aquí, con tus ojos claros. Y
tu razón de vivir. Viva Mercedes Sosa!



VÁRIAS VARIÁVEIS

                                                                               
Segundo disse fulano de tal,
que tem procuração para tanto,
são várias variáveis as do português.

E, para espanto geral, complementou:
"Diversas regras, exceções à vontade, e, diga-se de passagem, com crase."
Locução adverbial.

Segundo disse, é sempre uma suposição.
Portanto, aqui,  não conclusiva. Dessa vez passa.

Mas o pretérito que fiz é perfeito.
Sujeito? Há sempre um a frente da oração. Mesmo que seja oculto.
Sujeito, verbo, predicado. Cada um no seu quadrado.

Cada quadrado uma sentença.
E com toda a classe gramatical.
Mas isso é você, sujeito, quem pensa!