Palavras à Milanesa

Palavras à Milanesa
Não! Este blog não é de gastronomia. Mas de palavras. À Milanesa. Palavras simples como este prato de arroz com feijão, bife e batata frita.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Réveillon







Sob nova direção, leme na mão, o mar agora está pra peixe.
Não se queixe: 2013 está aí, aproveite!
Somos todos juntos no mesmo barco,
Remando a favor do vento que inventamos.

Todos no mesmo tom, na expectativa.
Os convites já chegaram.
A melhor roupa vamos tirar do armário.
E vamos tirar do armário também os excessos, os medos.
A falta de coragem.

Seguir viagem!
A noite que chega do 31 é derradeira.
Disto ninguém se livra! O ano vira para todos e para todos é recomeço.
Não tem parada. Tudo está em pé!
Feliz 2013! O ano novo é o que é!

Encontro das Artes




Procuro a verdade
Que seja dito
popular.
A música que seja pra pular.
O verso que seja livre,
O livre arbítrio.
O leve delito.
A flambada cereja.
O bolo de chocolate.

Procuro a melhor parte
Do ser que seja:
Eu = Você.
O beijo teu que me esqueceu.
Procuro o cinema que seja
conceitual.
O teatro reflexivo.
O Amor explosivo.
O amor calmo.
Sem tudo isso eu não vivo.
Onde está a flecha, cadê o alvo?

Onde está minha canoa?
Com quantos paus se faz uma?
Vou pra Araruama, vou pra Araruama.
Ver se lá eu me arrumo.
Vou de canoa, vou sem rumo.

Procuro a pintura expressionista.
O melhor quadro.
A minha artista, a mulher que eu enquadro.
É você que trago, que respiro.
Você é meu encontro das artes.
Encontro comigo mesmo.
Consigo mesmo. Você eu consigo mesmo.

domingo, 30 de dezembro de 2012

A mulher amada





A mulher amada precisa gostar de vinho tinto seco e da pizza “paulistana” do Bráz. Precisa ter dentes brancos, lábios macios e a alma leve. Deve ficar à vontade ao falar de si mesma. E ter a certeza de que morar no Grajaú é a melhor coisa do mundo. Precisa gostar de Quintana, de quintal e de fruta no pé. Torcer pelo Fluminense e o ter paladar infantil é fundamental. Uma pequena dose de timidez a faz ficar extremamente charmosa.

A mulher amada é simples. E é sofisticada. Tem o sorriso mais lindo e a pele branquinha, suavemente avermelhada, queimada pelos cinquenta tons de cinza do sol da praia de Ipanema. Ela precisa saber que tem pressão alta. Mas que pretende que fique normal. Que quer voltar a fazer exercício e que seu joelho não vai lhe atrapalhar. Ah, precisa aprender a usar o telefone celular. Para emergências. Também precisa gostar de nadar em mar aberto e, de vez em quando, fazer alguma travessia. Com regularidade, muitas travessuras. Estar atenta às fases da lua e ao movimento das marés é de bom tom.

A mulher amada pode até ser uma melancólica otimista, mas nunca o contrário. Por que a melancólica otimista sempre tem uma ponta de esperança. Ela precisa não querer ser beijada na primeira noite, mas ter uma vontade grande de que isso aconteça nos encontros seguintes. Ah, a mulher amada! Dada a receita fica fácil. Ela é tão amada e tão doce que não precisa de nada. Só de ser amada. A mulher amada precisa ser ela, a guiar, como anjo, o coração daquele que ama. Ela é simplesmente adorável. Ou não?





terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Táxi para Folégandros




Era madrugada. O casal caminhava pela rua da Carioca, no centro do Rio. A via estava deserta. No meio do caminho havia pedras. E lixo, muito lixo. E ratos. Eram muitos e se aproveitavam da sujeira humana, de raspas e restos, armando ali mesmo seu banquete. Ao ver os ratos, a moça de vestido branco - branco como a pureza de sua alma - sentiu medo. Pelos ratos e por ela.
O que seria de sua vida num futuro próximo? Agarrou-se, então, ao braço de seu companheiro e ali encontrou conforto. Ficaram em silêncio por instantes e depois riram. Àquela altura da rua da Carioca, aquela hora da madrugada, naquele exato instante, não havia palavras para se descrever o sentimento do mundo. Foi então que ele fez uma pergunta a ela:
- O que você quer da vida?
- Perguntinha difícil - disse ela, respondendo sem responder.
E voltaram novamente para seus pensamentos e reflexões.

Em seguida, a moça de vestido branco, como que rompendo novamente o silêncio, conta então uma curiosidade:
- Sabe que existem pessoas na Terra que são anjos? Todos têm seus anjos da guarda, mas algumas pessoas nascidas em determinadas datas não os têm por que são elas os próprios anjos. Têm o dever de proteger as pessoas, são gênios da humanidade. Esse é meu caso! Como você sabe, o meu aniversário é em 12 agosto. E essa é uma das datas mágicas. Pode procurar na internet – arrematou.
Após 10 minutos, encerrada a pequena história dos anjinhos, acabava a caminhada pela rua da Carioca. O casal chegava à avenida Rio Branco. Ali, fazem sinal e embarcam num táxi. Como destino, bandeira dois, a ilha grega de Folégandros. A viagem seria um pouco longa. Mas lá, naquele paraíso mediterrâneo, estava escrito que teriam dois filhos. Presentes dos deuses gregos. A impressão é de que serão felizes para sempre. No rádio do carro tocava a música “Anjo”, daquele conjunto Roupa Nova: “Fique em silêncio, deixe o amor entrar”.


A música funciona como signo sinal. Ela, então, se lembra de um pensamento ouvido recentemente:

“O mundo pode agora surgir com sua bela singeleza. As flores têm agora o perfume original de sua castidade. A vida é um contínuo chegar de esperanças.”

Já era o dia 22 de dezembro de 2012. Já a Era de Aquários. E o mundo não tinha acabado.


P. S. EU TE AMO.