Palavras à Milanesa

Palavras à Milanesa
Não! Este blog não é de gastronomia. Mas de palavras. À Milanesa. Palavras simples como este prato de arroz com feijão, bife e batata frita.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

EUCLIDES

Euclides escrevia bem, mas isso não bastava. Sabia escolher boas batatas na feira. Mas não bastava. Também plantava as batatas na horta que tinha no quintal dos fundos. Tinha conta no banco. Mas não tinha fundos.
Tinha casa com jardim nos fundos e bancos brancos perto das janelas, há muito sem pintar. Tanto que de brancos eles já não tinham nada ou quase nada.
Gostava dos índios, mas vivia entre os brancos. Euclides não era eu, eu juro. Era o próprio personagem com medo do futuro. Euclides tinha uma caneta. E a caneta, por definição, é uma arma. Mesmo que seja branca. Ela muda qualquer destino. Comete injustiças, desatinos. Mas também premia, dá frutos. Foi assim com Euclides, que morava no interior, num pequeno vilarejo.
Um belo dia, depois de rezar a Ave Maria, Euclides inclinou-se sobre o lago que corria no quintal de sua casa. Viu a si mesmo no reflexo e disse ali mesmo:
- Vai ser é agora que eu pego essa caneta e reescrevo a minha vida. E saiu navegando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário