Palavras à Milanesa

Palavras à Milanesa
Não! Este blog não é de gastronomia. Mas de palavras. À Milanesa. Palavras simples como este prato de arroz com feijão, bife e batata frita.

terça-feira, 12 de abril de 2011

SEGUNDA-FEIRA

Hoje, quando abri os olhos, entendi perfeitamente a razão do meu mau humor. Atende pelo nome de segunda e o sobrenome de feira. Não necessariamente nesta mesma ordem, vá lá! Segunda-feira e eu estou às ordens de mais uma semana capitalista. Ah, diacho!! Até ontem estava tudo bem. Prainha com a patroa, cinema com as crianças, ilusões, sonhos, fantasias, até sexuais, transa no final do dia... Alegria, alegria, bradou Caetano, diretamente de algum exílio.
Naquele entardecer de final de semana não havia contas a pagar. Afinal, era domingo, pé de cachimbo. Malandro é o gato e tudo são flores! Eu sou apenas mais um rapaz latino americano, sem dinheiro no bolso, sem sobrenomes e salamaleques. Na sala do pequeno apartamento de dois quartos um porta-retrato me faz lembrar quem sou. Sujeito homem, casado, barbado, pai de família, às vezes vacila e na maioria acerta (pelo menos tenta) na mega sena, na mega sina. Super mega enrolado, mas boa gente.
Tá bom, mas....voltando à vaca fria, quem sou eu? A correspondência do banco que chega por debaixo da porta e não perdoa logo me faz lembrar. Sou aquele CPF. Aquele FDP. Mais um na estatística. Mais um no borderô. Mais um que juro faz juras de amor eterno ao modelo vigente mas sem juros e interesses. Segunda-feira, dia de botar o terno. Mesmo sendo eu sujeito carinhoso, terno, tô na selva, tô na briga. Tô na chuva pra me molhar, pra me melhor. Tremendo frango de padaria, desossado e duro.
Tá bem, mas agora é tarde. Vou dormir. Pra você aí que está se dando ao trabalho de me ler, vou “deslogar” do facebook e dormir o sono dos justos. Sonhar não custa nada. No meu banco, da praça aqui em frente, eu não devo. Apenas deito e durmo. Amanhã é mais um dia. Daqui a pouco é domingo e de novo segunda-feira. Não tem jeito. O melhor é viver e ser feliz!

2 comentários:

  1. Muito bom! Acho que se a gente fosse capaz de inverter o polo e o foco; os sonhos, a fantasias, as ilusões e as crianças seriam a mais doce realidade e toda segunda feira uma chatice obrigatória pra ter direito a ser feliz.
    Grande abraço

    Julio Carvana

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  2. Concordo plenamente, Julio. Aliás, você agora está vivendo a doce realidade de ser papai, não é? Parabéns de novo!

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