Palavras à Milanesa

Palavras à Milanesa
Não! Este blog não é de gastronomia. Mas de palavras. À Milanesa. Palavras simples como este prato de arroz com feijão, bife e batata frita.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Cinquenta Anos em Cinco





Diretor completa 50 anos de carreira preparado para mais 50



Cacá Diegues é um ilustre representante da boa safra do outono de 1940 das Alagoas, onde nasceu na capital do Estado, Maceió. Dono de uma fala pausada e gentil, Cacá é um dos maiores nomes do cinema nacional. Ao lado de cineastas como Glauber Rocha como um dos criadores do Cinema Novo, Cacá segue empunhando sua câmera e lançando seu olhar de cronista audiovisual sobre a realidade brasileira.

Em 2012 o cineasta completa 50 anos de carreira, desde que lançou seu primeiro longa “5 X Favela”, em 1962. O bom momento foi no celebrado no último dia 15 de outubro, quando ele foi homenageado pela 11ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, promovido pela Academia Brasileira de Cinema, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

“Me sinto muito novo para receber esta homenagem. Mas ao mesmo tempo é uma honra pois ela vem do reconhecimento dos meus pares, cineastas”, disse Cacá, ao final da cerimônia. “Vou filmar até meu último suspiro”, completa ele que assina ao lado da mulher, Renata de Almeida Magalhães, a produção do filme “5 X Pacificação”, documentário sobre as UPPs, lançado pela Luz Mágica, empresa do casal, previsto para entrar no circuito em novembro. Entre um filme e outro - Cacá também produziu “Giovanni Improtta”, dirigido e interpretado por José Wilker, baseado no personagem do novelista Agnaldo Silva – ele dirigiu o clip Kamasutra, que integrou o 27º álbum da carreira do Tremendão Eramos Carlos, recentemente lançado. “Foi uma experiência excitante e prazerosa" , confidencia Cacá.

E como 50 anos de carreira no caso do cineasta não é sinônimo de aposentadoria, no ano que vem ele roda o filme “ O Grande Circo Místico”, baseado no poema de Jorge de Lima, que virou peça de teatro e, em 2013, vai se transformar em filme, 30 anos após a montagem do espetáculo. A trilha sonora também será assinada por Chico Buarque e Edu Lobo e o papel principal, convite feito, convite aceito, será do ator Lázaro Ramos. Mais uma produção da Luz Mágica.

O sucesso por detrás das câmeras e a produção audiovisual contínua têm seu nome nos créditos nas telas de Cacá. Há 31 anos, ele é casado com a produtora Renata de Almeida Magalhães, filha do advogado e político brasileiro, Raphael de Almeida Magalhães, falecido no ano passado. Juntos, os dois tiveram a filha Flora Diegues, 25 anos, a única dos três filhos de Cacá que seguiu os passos do pai. Os outros são Isabel e Francisco Diegues, filhos da união com a cantora Nara Leão. Isabel dedica-se à sua editora Cobogó e Francisco tem uma empresa de tecnologia. A outra “filha” de Cacá é Julia São Paulo, do primeiro casamento de Renata, mas praticamente criada pelo diretor e produtor de cinema. Sobre a esposa, ele diz: “A Renata mudou a minha vida. Somos casados e sócios. Ela manda em mim em casa e na rua”, brinca. E para Nara Leão, de quem ele se separou 12 anos antes da morte da cantora, em 1989, Cacá só tem elogios. “Nara foi uma das grandes mulheres brasileiras de seu tempo".

E assim, rodeado pela família e cheio de projetos, Cacá Diegues vai comemorando 50 anos de carreira. “Me sinto oxigenado e pronto para mais 50 anos”, finaliza. E já que o número do momento de Cacá é o “cinco”, são cinquenta anos em cinco, como dizia o slogan da campanha do ex-presidente Juscelino Kubitschek.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Tio és también padre





Un tío tan cerca como se quiere.
y que se vá.
A lo lejos, en un instante, distintamente.
Hacia a debajo de tierras latinas, altiplanas, hermanas.
A juntarse a la pachamama.
Si, son tierras bolivianas.
Tío, tío, tío también és padre.
Tío con la misma sangre, de la misma raza.
Del mismo compás y dibujo.
Tío, te lo juro:
otras dimensiones te abrazam para seguir tu viaje.
Otras encarnaciones.
Lleva en tu equipaje
nuestra ultima cita el La Paz.
El último CD de jazz.
El último bolero.
Eso espero.
Tio querido, hasta siempre, hasta pronto.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

No Metrô






Desço as escadas rolantes.
O coração bate forte,
ofegante.
No outro lado da estação,
na linha do horizonte
ali defronte, ao norte.
A felicidade me sorri, diz adeus.
E foge.
Oh, meu São Jorge,oh, meu São Jorge.
É a morte, é a morte,
meu Deus!

No Cinema





Desvio o olhar.
Você não me beija.
A melhor parte do bolo é a cereja.
Mas essa eu não tenho.
Me contenho.
Você me olha sem graça.
Eu, sem ação.
Por que caminhos passa
o meu coração?

TIO TAMBÉM É PAI




Um tio tão próximo que se vai.

Distantemente, num instante, instantaneamente.

Pra debaixo de terras latinas, altiplanas, hermanas.

Terras bolivianas.

Tio, tio, tio também é pai!

Tio do mesmo sangue, da mesma raça.

Do mesmo compasso e desenho.

Tio, tio, tio que já não o tenho.

Outras dimensões te abraçam pra seguir sua viagem.

Outras encarnações.

Leva na bagagem

Nosso último encontro em La Paz.

Leva na bagagem o último jazz, o último bolero.

Até sempre, até mais!

Assim espero.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Amor Distraído






Sem resposta, fiquei sem resposta.
Como a mesa que é posta sem poder desfrutar.
Como o poder e o não poder concretizar.

Fiquei sem a resposta da menina.
Que me deixou na esquina,
sem dó, nem piedade.

É melhor não falar nada.
Do que dizer a verdade.
É a sua filosofia.
A indiferença é a pior das ironias.
E o que não passou já é página virada.

Sem resposta, fiquei resposta.
Não dá mais, perdi essa aposta.
De quem será que a moça gosta?
Coração já ocupado, coração já ocupado.

Sua resposta foi a indiferença.
Cheque que não compensa.
Amor descartado, devolvido.
Distraído, amor distraído.


Distraído, amor distraído, destratado, desvalido.

sábado, 13 de outubro de 2012

Eleonora Falcone: a singeleza da música popular brasileira e paraibana




Cantora se apresenta no Projeto “Levada Oi Futuro” hoje à noite em Ipanema




Coloque-se uma cantora com tipo mignon, de timbre doce e ótima extensão vocal num local intimista, palco bem iluminado, acompanhada por três músicos elegantes e competentes (Anderson Mariano – guitarra e violão, Adriano Ismael – baixo e Flávio Boy – bateria e pandeiro) e à frente um público ávido e saudoso após 11 anos de ausência da referida cantora das casas de shows cariocas. O resultado é um belo espetáculo de Eleonora Falcone, cantora e compositora paraibana, que participa até hoje, sábado, do projeto “Levada Oi Futuro”, na casa em Ipanema.
Falcone, que já morou no Rio, por razões que o coração desconhece andou anos afastada das terras cariocas. Imperdoável ausência que, com apoio do Oi Futuro, a Zucca Produções, mais Jorge Lz e Roberto Guim

arães, curadores da iniciativa, reparam agora por meio do projeto de trazer sons e artistas de diversas partes do Brasil para o coração de Ipanema, a preços populares ( R$ 20,00).
Ao longo da pouco mais de uma hora de show, Eleonora brinda o público com belas canções de “MPB da P”. Ou seja, uma música popular brasileira vinda autenticamente da Paraíba, com teor romântico e confessional. Quase como se fossem ( e são) pequenas crônicas poéticas, com uma pitada da “nordestinidade” evidentemente presente em sua atitude no palco e no orgulho que demonstra do “ser paraibana”.
Eleonora promove de modo sagaz o encontro de sua MPB da P com a MPB por meio de várias das canções do repertório de seu show. Entre elas “Duas Margens”, de Chico César e Lucio Lins, música que batiza o espetáculo. No show ela mistura músicas de seu álbum carioca “Apetite” com outras de seu CD paraibano “Eu tenho um pedaço de sol que guardo comigo desde menina”.
Pode-se afirmar que Eleonora é uma artista quase completa. Além de boa cantora, é boa compositora. Entre algumas das músicas d show, destacam-se “Carta de Amor” e “Pedaço de Sol” ambas com Lúcio Lins. O verso “Eu pulava muros e sonhava nuvens, eu saltava mundos e contava estrelas. Eu dizia tê-las na palma da minha mão”, da música “Pedaço de Sol”, é absolutamente lindo. A parte do fino trato com as palavras e da construção de belas imagens poéticas, a cantora tem presença e atitude cênicas no palco, resultado dos anos em que estudou teatro no Rio, e um olhar penetrante e forte que dirige ao público quando desce à plateia na busca de um contato mais próximo com seus interlocutores.
Não é à toa que nomes como os dos cantores Ney Matogrosso são fãs de Eleonora. O produtor Ronaldo Bastos, da Dubas, que edita suas músicas, estava emocionado em ver o reencontro de Falcone com os palcos cariocas: “Sou fã da Eleonora. É um privilégio poder vê-la novamente aqui no Rio de Janeiro”, disse Bastos ao final do show de sexta-feira. Eleonora Falcone é a singeleza da música popular brasileira da Paraíba em pessoa e “em cantora”. Show imperdível. Vá correndo que ainda dá tempo. É hoje à noite no Oi Futuro Ipanema.