Palavras à Milanesa

Palavras à Milanesa
Não! Este blog não é de gastronomia. Mas de palavras. À Milanesa. Palavras simples como este prato de arroz com feijão, bife e batata frita.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

No Metrô






Desço as escadas rolantes.
O coração bate forte,
ofegante.
No outro lado da estação,
na linha do horizonte
ali defronte, ao norte.
A felicidade me sorri, diz adeus.
E foge.
Oh, meu São Jorge,oh, meu São Jorge.
É a morte, é a morte,
meu Deus!

No Cinema





Desvio o olhar.
Você não me beija.
A melhor parte do bolo é a cereja.
Mas essa eu não tenho.
Me contenho.
Você me olha sem graça.
Eu, sem ação.
Por que caminhos passa
o meu coração?

TIO TAMBÉM É PAI




Um tio tão próximo que se vai.

Distantemente, num instante, instantaneamente.

Pra debaixo de terras latinas, altiplanas, hermanas.

Terras bolivianas.

Tio, tio, tio também é pai!

Tio do mesmo sangue, da mesma raça.

Do mesmo compasso e desenho.

Tio, tio, tio que já não o tenho.

Outras dimensões te abraçam pra seguir sua viagem.

Outras encarnações.

Leva na bagagem

Nosso último encontro em La Paz.

Leva na bagagem o último jazz, o último bolero.

Até sempre, até mais!

Assim espero.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Amor Distraído






Sem resposta, fiquei sem resposta.
Como a mesa que é posta sem poder desfrutar.
Como o poder e o não poder concretizar.

Fiquei sem a resposta da menina.
Que me deixou na esquina,
sem dó, nem piedade.

É melhor não falar nada.
Do que dizer a verdade.
É a sua filosofia.
A indiferença é a pior das ironias.
E o que não passou já é página virada.

Sem resposta, fiquei resposta.
Não dá mais, perdi essa aposta.
De quem será que a moça gosta?
Coração já ocupado, coração já ocupado.

Sua resposta foi a indiferença.
Cheque que não compensa.
Amor descartado, devolvido.
Distraído, amor distraído.


Distraído, amor distraído, destratado, desvalido.

sábado, 13 de outubro de 2012

Eleonora Falcone: a singeleza da música popular brasileira e paraibana




Cantora se apresenta no Projeto “Levada Oi Futuro” hoje à noite em Ipanema




Coloque-se uma cantora com tipo mignon, de timbre doce e ótima extensão vocal num local intimista, palco bem iluminado, acompanhada por três músicos elegantes e competentes (Anderson Mariano – guitarra e violão, Adriano Ismael – baixo e Flávio Boy – bateria e pandeiro) e à frente um público ávido e saudoso após 11 anos de ausência da referida cantora das casas de shows cariocas. O resultado é um belo espetáculo de Eleonora Falcone, cantora e compositora paraibana, que participa até hoje, sábado, do projeto “Levada Oi Futuro”, na casa em Ipanema.
Falcone, que já morou no Rio, por razões que o coração desconhece andou anos afastada das terras cariocas. Imperdoável ausência que, com apoio do Oi Futuro, a Zucca Produções, mais Jorge Lz e Roberto Guim

arães, curadores da iniciativa, reparam agora por meio do projeto de trazer sons e artistas de diversas partes do Brasil para o coração de Ipanema, a preços populares ( R$ 20,00).
Ao longo da pouco mais de uma hora de show, Eleonora brinda o público com belas canções de “MPB da P”. Ou seja, uma música popular brasileira vinda autenticamente da Paraíba, com teor romântico e confessional. Quase como se fossem ( e são) pequenas crônicas poéticas, com uma pitada da “nordestinidade” evidentemente presente em sua atitude no palco e no orgulho que demonstra do “ser paraibana”.
Eleonora promove de modo sagaz o encontro de sua MPB da P com a MPB por meio de várias das canções do repertório de seu show. Entre elas “Duas Margens”, de Chico César e Lucio Lins, música que batiza o espetáculo. No show ela mistura músicas de seu álbum carioca “Apetite” com outras de seu CD paraibano “Eu tenho um pedaço de sol que guardo comigo desde menina”.
Pode-se afirmar que Eleonora é uma artista quase completa. Além de boa cantora, é boa compositora. Entre algumas das músicas d show, destacam-se “Carta de Amor” e “Pedaço de Sol” ambas com Lúcio Lins. O verso “Eu pulava muros e sonhava nuvens, eu saltava mundos e contava estrelas. Eu dizia tê-las na palma da minha mão”, da música “Pedaço de Sol”, é absolutamente lindo. A parte do fino trato com as palavras e da construção de belas imagens poéticas, a cantora tem presença e atitude cênicas no palco, resultado dos anos em que estudou teatro no Rio, e um olhar penetrante e forte que dirige ao público quando desce à plateia na busca de um contato mais próximo com seus interlocutores.
Não é à toa que nomes como os dos cantores Ney Matogrosso são fãs de Eleonora. O produtor Ronaldo Bastos, da Dubas, que edita suas músicas, estava emocionado em ver o reencontro de Falcone com os palcos cariocas: “Sou fã da Eleonora. É um privilégio poder vê-la novamente aqui no Rio de Janeiro”, disse Bastos ao final do show de sexta-feira. Eleonora Falcone é a singeleza da música popular brasileira da Paraíba em pessoa e “em cantora”. Show imperdível. Vá correndo que ainda dá tempo. É hoje à noite no Oi Futuro Ipanema.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Soneto das Crianças


Livremente inspirado e parodiado do Soneto de Fidelidade
(de Vinicius de Moraes)


De tudo à minha criança serei atento.
Sempre e com tal zelo
que vou me lembrar das viagens infantis para Arcozelo.
E das brincadeiras que inventei e que ainda invento.

Quero viver a criança em mim em cada vão momento.
E em seu louvor hei de espalhar meu canto.
E rir meu riso e nunca, jamais,derramar pranto.
Por que tristeza não se põem na mesa, se não me levanto.

E assim, quando mais tarde me procure a criança que um dia fui.
E eu, de puro sentimento, jure.
Que o passado deixei pra trás e é o amor que em mim flui.











For a Child







For a Child


Quem é você que eu não conheço mas que é uma criança?

Quem é você que é pequeno e nunca perde a esperança?

E que é grande e vai sempre na minha lembrança?

Quem é você que sempre entra na dança?
Pula corda, dá as cartas, joga o jogo.
Sempre com sorriso no rosto.

Quem é você que me aborda no sinal fechado?
Que me pede trocados e vai embora.

Tio, eu sou a criança que chora, a criança que vale.
A esta hora exactamente hay um niño en la calle, hay un niño en la calle.