Palavras à Milanesa

Palavras à Milanesa
Não! Este blog não é de gastronomia. Mas de palavras. À Milanesa. Palavras simples como este prato de arroz com feijão, bife e batata frita.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Amor Distraído






Sem resposta, fiquei sem resposta.
Como a mesa que é posta sem poder desfrutar.
Como o poder e o não poder concretizar.

Fiquei sem a resposta da menina.
Que me deixou na esquina,
sem dó, nem piedade.

É melhor não falar nada.
Do que dizer a verdade.
É a sua filosofia.
A indiferença é a pior das ironias.
E o que não passou já é página virada.

Sem resposta, fiquei resposta.
Não dá mais, perdi essa aposta.
De quem será que a moça gosta?
Coração já ocupado, coração já ocupado.

Sua resposta foi a indiferença.
Cheque que não compensa.
Amor descartado, devolvido.
Distraído, amor distraído.


Distraído, amor distraído, destratado, desvalido.

sábado, 13 de outubro de 2012

Eleonora Falcone: a singeleza da música popular brasileira e paraibana




Cantora se apresenta no Projeto “Levada Oi Futuro” hoje à noite em Ipanema




Coloque-se uma cantora com tipo mignon, de timbre doce e ótima extensão vocal num local intimista, palco bem iluminado, acompanhada por três músicos elegantes e competentes (Anderson Mariano – guitarra e violão, Adriano Ismael – baixo e Flávio Boy – bateria e pandeiro) e à frente um público ávido e saudoso após 11 anos de ausência da referida cantora das casas de shows cariocas. O resultado é um belo espetáculo de Eleonora Falcone, cantora e compositora paraibana, que participa até hoje, sábado, do projeto “Levada Oi Futuro”, na casa em Ipanema.
Falcone, que já morou no Rio, por razões que o coração desconhece andou anos afastada das terras cariocas. Imperdoável ausência que, com apoio do Oi Futuro, a Zucca Produções, mais Jorge Lz e Roberto Guim

arães, curadores da iniciativa, reparam agora por meio do projeto de trazer sons e artistas de diversas partes do Brasil para o coração de Ipanema, a preços populares ( R$ 20,00).
Ao longo da pouco mais de uma hora de show, Eleonora brinda o público com belas canções de “MPB da P”. Ou seja, uma música popular brasileira vinda autenticamente da Paraíba, com teor romântico e confessional. Quase como se fossem ( e são) pequenas crônicas poéticas, com uma pitada da “nordestinidade” evidentemente presente em sua atitude no palco e no orgulho que demonstra do “ser paraibana”.
Eleonora promove de modo sagaz o encontro de sua MPB da P com a MPB por meio de várias das canções do repertório de seu show. Entre elas “Duas Margens”, de Chico César e Lucio Lins, música que batiza o espetáculo. No show ela mistura músicas de seu álbum carioca “Apetite” com outras de seu CD paraibano “Eu tenho um pedaço de sol que guardo comigo desde menina”.
Pode-se afirmar que Eleonora é uma artista quase completa. Além de boa cantora, é boa compositora. Entre algumas das músicas d show, destacam-se “Carta de Amor” e “Pedaço de Sol” ambas com Lúcio Lins. O verso “Eu pulava muros e sonhava nuvens, eu saltava mundos e contava estrelas. Eu dizia tê-las na palma da minha mão”, da música “Pedaço de Sol”, é absolutamente lindo. A parte do fino trato com as palavras e da construção de belas imagens poéticas, a cantora tem presença e atitude cênicas no palco, resultado dos anos em que estudou teatro no Rio, e um olhar penetrante e forte que dirige ao público quando desce à plateia na busca de um contato mais próximo com seus interlocutores.
Não é à toa que nomes como os dos cantores Ney Matogrosso são fãs de Eleonora. O produtor Ronaldo Bastos, da Dubas, que edita suas músicas, estava emocionado em ver o reencontro de Falcone com os palcos cariocas: “Sou fã da Eleonora. É um privilégio poder vê-la novamente aqui no Rio de Janeiro”, disse Bastos ao final do show de sexta-feira. Eleonora Falcone é a singeleza da música popular brasileira da Paraíba em pessoa e “em cantora”. Show imperdível. Vá correndo que ainda dá tempo. É hoje à noite no Oi Futuro Ipanema.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Soneto das Crianças


Livremente inspirado e parodiado do Soneto de Fidelidade
(de Vinicius de Moraes)


De tudo à minha criança serei atento.
Sempre e com tal zelo
que vou me lembrar das viagens infantis para Arcozelo.
E das brincadeiras que inventei e que ainda invento.

Quero viver a criança em mim em cada vão momento.
E em seu louvor hei de espalhar meu canto.
E rir meu riso e nunca, jamais,derramar pranto.
Por que tristeza não se põem na mesa, se não me levanto.

E assim, quando mais tarde me procure a criança que um dia fui.
E eu, de puro sentimento, jure.
Que o passado deixei pra trás e é o amor que em mim flui.











For a Child







For a Child


Quem é você que eu não conheço mas que é uma criança?

Quem é você que é pequeno e nunca perde a esperança?

E que é grande e vai sempre na minha lembrança?

Quem é você que sempre entra na dança?
Pula corda, dá as cartas, joga o jogo.
Sempre com sorriso no rosto.

Quem é você que me aborda no sinal fechado?
Que me pede trocados e vai embora.

Tio, eu sou a criança que chora, a criança que vale.
A esta hora exactamente hay um niño en la calle, hay un niño en la calle.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Sobre Escadas, Memórias e Outros Planos





Meu nome é Theobaldo. E nas minhas memórias de infância e juventude tenho registrado que usei e abusei de escadas. Na infância, morávamos num apartamento térreo, em Copacabana, mas nosso prédio tinha uma longa (para mim à época) escada, que dava acesso da rua ao primeiro andar, onde ficavam os apartamentos térreos. Assim, eu não tinha outra alternativa que não subir pelas escadas (longas para mim à época) que davam acesso ao nosso apartamento. Eram outros tempos, e eu tinha fôlego pra isso.

Mais tarde, eu cresci, mas continuei usando as escadas para ter acesso a outras portas dimensionais. No caso, a porta do apartamento do meu pai, na Glória.. Ele morava numa cobertura. O elevador só ia até o 12º andar e nós precisávamos subir mais um lance (longo para mim à época) de escadas. O prédio era antigo. O elevador mais ainda. Não foram raras as vezes em que chegávamos e o elevador estava parado para manutenção. E como era cobertura, só tínhamos um elevador que nos servia. E aí não restava outra opção que não subir os treze andares de escada. Eram outros tempos. Eu tinha fôlego pra isso.

Mais tarde ainda, as escadas continuaram presentes na minha vida. Sempre que eu queria alcançar outras dimensões, eu me conectava com as escadas. Eu tive uma namorada que morava no Grajaú. O prédio dela eram dois apartamentos por andar. Uma noite, chegamos à casa dela bastante animados por assim dizer. Como tínhamos certeza de que os vizinhos do lado não estavam, começamos “os trabalhos”, se é que me entende, ali mesmo no hall, nas escadas de serviço do andar dela. Foi uma experiência incrível. Fui a outras dimensões, fomos às nuvens. Até então, eu era um pouco travado pra essas coisas, mas depois desse dia, eu me libertei. Libertei a literatura que estava em mim e o sexo também. Tinha toda uma energia sexual dentro de mim prestes a explodir. E explodiu. Eram outros tempos. Eu tinha fôlego pra isso!

Bem mais tarde ainda, eu me casei. Na vida de casados sempre moramos em andares baixos, tipo até o segundo piso. Assim, eu dava preferência para usar as escadas a fim de ter acesso aos apartamentos em que moramos nos diferentes períodos do nosso casamento. Os três filhos vieram e eu ensinei isso pra eles: “Usem sempre as escadas”, eu dizia. E ia junto com eles, acompanhando-os no subir e descer lépido e fagueiro infantil. Eram outros tempos e eu tinha bem mais fôlego pra isso.

Bem, bem mais tarde ainda, eu me separei. Mas continuei subindo e descendo escadas. Como os antigos incas, eu acredito que escadas são a única forma de atingir ao plano divino. Eu ainda não atingi este plano, mas estou no caminho – e pelas escadas. O tempo passou. Juntei o elemento “chave” às escadas. Afinal, elas podem de fato até nos levar a novos planos dimensionais, mas se você não tiver “a” chave, não vai adiantar nada. Vai chegar e ficar ao relento, do lado de fora e sabe-se lá em que dimensão. Estou em busca do ágape, o amor universal. E em outra dimensão. Vou pelas escadas. Afinal, são outros tempos. Tenho muito fôlego pra isso.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O Chato Simpático








Quem é esse chato, o assessor de imprensa? Há de ser uma pessoa que goste de acordar cedo, mas não tão cedo. Para assim tomar contato com a notícia, por meio dos jornais, antes de todos. Não precisa ser um fanático pela notícia. Mas é preciso que corra atrás dela, que a valorize. Estar antenado com tudo o que se passa à sua volta, na pequena e na grande esfera, é uma condição importante. Para ser um bom assessor de imprensa é preciso ler diariamente os principais jornais e saiba quem são as pessoas que estão do outro lado, na redação. É importante que tenha boa memória, que cumprimente o repórter e o editor pelo nome ( desejável).
Precisa também ser persistente. Mais do que o repórter. E saber conquistar sua confiança com boa conduta e boa índole. É necessário que saiba a hora certa de ligar para as redações. Nunca nas horas de fechamento. Precisa também ter noção do que é uma nota para não oferecer bobagens para o colunista e não queimar a si e a seu cliente. Precisa demonstrar boa educação, saber abordar e saber, sobretudo, ouvir um “não”. E quando houver espaço retrucar esse “não” e saber reverter o quadro.
Com o mercado profissional enxuto, às vezes com poucas opções nas redações, não é mais urgente que passe por uma grande redação. Com a difusão das assessorias de imprensa é cada vez maior o número de universitários que se formam e vão direto trabalhar numa assessoria, seja ela uma empresa especializada na área, ou mesmo uma grande empresa que dispõe de um departamento de imprensa.
Mas fique tranquilo se você não tem todas essas características. Tudo na vida é uma questão de treino.