Eu canto por que o instante existe.
E minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não se, não sei. Não sei se fico ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Cecilia Meireles
Palavras à Milanesa
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
sábado, 11 de dezembro de 2010
NO CORPO DO EMAIL CORPORATIVO
No corpo do email uma nova sensação. Poucas palavras, abreviadas, frases curtas, spams, exclamação! No título do assunto, a mensagem rápida, rasteira, reta e objetiva: sinto muito, não cumpri o cronograma estabelecido razoável para entrega do finado documento a tempo e a hora. Maldita planilha, nenhum homem é uma ilha, e eu me convenço. Palavras, palavras ao vento. Falsas promessas, requerimentos. Mas no instante instigante extasiante e eletrizante seguinte, eu me reivento, me motivo. Qual locomotiva, atropelo. É assim na vida corporativa. Por ela eu zelo. De tanto tentar tatear, encontrar o mar, reconhecer o ambiente e o meio, eu venço ! Inteiro. Sem lenço, documento, sem sobrenome, sobrecarga e sobremesa, só com a carteira de trabalho e uma certeza. Logo eu, que não quis atalho, mas fiz o caminho. Optei. Vinho tomei às vezes. Cerveja sempre! Naveguei. Fui ao mar distante, fiz mil viagens e voltei. Pela internet. E agora as almas estão lavadas. Algumas mais levadas, outras não. Mais leves. As armas guardadas, sem munição. Mouse e o cursor apontam nova direção. GPS na mão e a roupa suja já se lava em casa, dentro do coração, nossa morada. Namorada, nova estação, verão. Nisso eu escuto no rádio do carro a nossa canção. É Lô Borges chegando, com seu violão. Pára o mundo, mas eu não quero descer. Vale eternizar o momento, dedilhar o instrumento que o eterno Deus Mudança deu. Avançar!E quase que eu me esqueci que o tempo não para nem vai esperar. Vento de maio, rainha dos raios do sol, estrela qualquer lá no fundo do mar. Solar, Solar, Solar.
domingo, 7 de novembro de 2010
ESTADO DO ESPÍRITO
É onde ficam
os mais bonitos
os mais sensíveis, os mais repletos
os invisíveis, que modificam;
Dileto, o espírito certo
o espírito casto, o espírito reto
o espírito chão;
Estrado é chão
Espírito irmão
fica aonde der
gosta de querer;
Espírito é bom
até de baixo d'água
não tem mágoa, não tem som
é pura retaguarda;
Espírito são
santinhos de papel
espíritos do bem
espíritos do céu;
Espírito Santo
São Paulo
Belém
Espíritos que vêm;
Espírito é calma
alma,
coração
aos espíritos de fato
faço uma canção;
Falta tato,
ao espírito não
É mascarado,
o espírito não;
É pura verdade
os espíritos são
É pura pessoa, realidade, é você, meu irmão.
os mais bonitos
os mais sensíveis, os mais repletos
os invisíveis, que modificam;
Dileto, o espírito certo
o espírito casto, o espírito reto
o espírito chão;
Estrado é chão
Espírito irmão
fica aonde der
gosta de querer;
Espírito é bom
até de baixo d'água
não tem mágoa, não tem som
é pura retaguarda;
Espírito são
santinhos de papel
espíritos do bem
espíritos do céu;
Espírito Santo
São Paulo
Belém
Espíritos que vêm;
Espírito é calma
alma,
coração
aos espíritos de fato
faço uma canção;
Falta tato,
ao espírito não
É mascarado,
o espírito não;
É pura verdade
os espíritos são
É pura pessoa, realidade, é você, meu irmão.
NATUREZA
E de repente centenas de javalis invadem as praias tropicais e a natureza respira aliviada. Ali, parada, a raça humana fica estarrecida.
O relógio marca um tempo que não há. Não existe e insiste em representar. Milhares de canários belga chegam de longe, de distante mente.
As estações do ano, as estações de trem. Ninguém chega, ninguém vem.
Primavera, ora, outono, ou todos juntos verão o inverno.
Nada mais me interessa, se não perder a pressa que achei quando nasci.
A criação é a mais bonita arte, vaidade de verdade é refletir. A quem interessar possa, o ser chegou ao fundo, ao fundo pra ver. Que não está sozinho no poço.
O relógio marca um tempo que não há. Não existe e insiste em representar. Milhares de canários belga chegam de longe, de distante mente.
As estações do ano, as estações de trem. Ninguém chega, ninguém vem.
Primavera, ora, outono, ou todos juntos verão o inverno.
Nada mais me interessa, se não perder a pressa que achei quando nasci.
A criação é a mais bonita arte, vaidade de verdade é refletir. A quem interessar possa, o ser chegou ao fundo, ao fundo pra ver. Que não está sozinho no poço.
VIRGEM
Já não como do amor, nem provo mais do seu sabor.
Já não vivo mais dele.
Tão bonito amor aquele, que hoje não passa de pele.
Ando pela rua, o vejo ali parado.
Aquele amor alado, hoje não passa do chão.
O amor está de luto, aquele amor absoluto.
Hoje é tudo, menos fruto.
Pedaço de pão.
O amor me deu o golpe.
Nem carta, nem envelope.
Me tirou da disputa, me tirou do combate.
Hoje, é apenas um cão que late, late, late.
Já não vivo mais dele.
Tão bonito amor aquele, que hoje não passa de pele.
Ando pela rua, o vejo ali parado.
Aquele amor alado, hoje não passa do chão.
O amor está de luto, aquele amor absoluto.
Hoje é tudo, menos fruto.
Pedaço de pão.
O amor me deu o golpe.
Nem carta, nem envelope.
Me tirou da disputa, me tirou do combate.
Hoje, é apenas um cão que late, late, late.
TEMA PARA UM LINDO DIA OU UM EXERCÍCIO DE OTIMISMO
Clarear, esclarecer
Aprender pela cartilha da vida e pela paz!
Desobstruir, encorajar!
Clarabóia: entrada de sol, estrada de luz!
Deixar o sorriso passar, estampar felicidade no rosto.
Botar roupa nova todo o dia, ou ter essa sensação.
Estar de bem com a vida, Harmonia, Harmonia!
Vestir branco, ver à cores, estar por cima!
Enxergar sem óculos, tornar os dias mais bonitos, querer bem!
Sorrir a todas as manhãs, mesmo as escuras.
Dar à luz uma menina Clara, alva e sapeca e um menino Francisco, levado, bem quisto.
Saber ser igual, sendo diferente, falar a mesma língua, brincar de boneca.
Jogar peteca.
Gostar de criança como quem gosta de natureza e de natureza como quem gosta de criança.....
Tomar toda a sorte de sorvetes aos domingos na praça
Ou na cama, quem sabe, num belo ritual, coletivo, individual
Pai, mãe, filhos.
Andar no trilho....ou às vezes não.
Ir ao cinema e ter vontade de voltar logo ou de vocês crescerem depressa pra irem com a gente.
Ver beleza à beça, transbordar, transcender.
Estar cheio de coragem para os dias que virão!
Trabalhar e ver crescer, semear! Pensar no próximo verão.
Deus abençoe, Clara e Francisco, exercício de otimismo, pura oração.
Que o calor do mundo novo os aqueça sempre e os leve, carinhosamente, pela mão!
Aprender pela cartilha da vida e pela paz!
Desobstruir, encorajar!
Clarabóia: entrada de sol, estrada de luz!
Deixar o sorriso passar, estampar felicidade no rosto.
Botar roupa nova todo o dia, ou ter essa sensação.
Estar de bem com a vida, Harmonia, Harmonia!
Vestir branco, ver à cores, estar por cima!
Enxergar sem óculos, tornar os dias mais bonitos, querer bem!
Sorrir a todas as manhãs, mesmo as escuras.
Dar à luz uma menina Clara, alva e sapeca e um menino Francisco, levado, bem quisto.
Saber ser igual, sendo diferente, falar a mesma língua, brincar de boneca.
Jogar peteca.
Gostar de criança como quem gosta de natureza e de natureza como quem gosta de criança.....
Tomar toda a sorte de sorvetes aos domingos na praça
Ou na cama, quem sabe, num belo ritual, coletivo, individual
Pai, mãe, filhos.
Andar no trilho....ou às vezes não.
Ir ao cinema e ter vontade de voltar logo ou de vocês crescerem depressa pra irem com a gente.
Ver beleza à beça, transbordar, transcender.
Estar cheio de coragem para os dias que virão!
Trabalhar e ver crescer, semear! Pensar no próximo verão.
Deus abençoe, Clara e Francisco, exercício de otimismo, pura oração.
Que o calor do mundo novo os aqueça sempre e os leve, carinhosamente, pela mão!
PASSATEMPO
Tempo rima com vento.
E os dois passam.
Relógio não rima com nada.
Não nada, nem rema.
Mas não pára, não pára.
Passa tempo, passa tempo, tempo, passa....
E os dois passam.
Relógio não rima com nada.
Não nada, nem rema.
Mas não pára, não pára.
Passa tempo, passa tempo, tempo, passa....
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