Palavras à Milanesa
sábado, 11 de dezembro de 2010
NO CORPO DO EMAIL CORPORATIVO
No corpo do email uma nova sensação. Poucas palavras, abreviadas, frases curtas, spams, exclamação! No título do assunto, a mensagem rápida, rasteira, reta e objetiva: sinto muito, não cumpri o cronograma estabelecido razoável para entrega do finado documento a tempo e a hora. Maldita planilha, nenhum homem é uma ilha, e eu me convenço. Palavras, palavras ao vento. Falsas promessas, requerimentos. Mas no instante instigante extasiante e eletrizante seguinte, eu me reivento, me motivo. Qual locomotiva, atropelo. É assim na vida corporativa. Por ela eu zelo. De tanto tentar tatear, encontrar o mar, reconhecer o ambiente e o meio, eu venço ! Inteiro. Sem lenço, documento, sem sobrenome, sobrecarga e sobremesa, só com a carteira de trabalho e uma certeza. Logo eu, que não quis atalho, mas fiz o caminho. Optei. Vinho tomei às vezes. Cerveja sempre! Naveguei. Fui ao mar distante, fiz mil viagens e voltei. Pela internet. E agora as almas estão lavadas. Algumas mais levadas, outras não. Mais leves. As armas guardadas, sem munição. Mouse e o cursor apontam nova direção. GPS na mão e a roupa suja já se lava em casa, dentro do coração, nossa morada. Namorada, nova estação, verão. Nisso eu escuto no rádio do carro a nossa canção. É Lô Borges chegando, com seu violão. Pára o mundo, mas eu não quero descer. Vale eternizar o momento, dedilhar o instrumento que o eterno Deus Mudança deu. Avançar!E quase que eu me esqueci que o tempo não para nem vai esperar. Vento de maio, rainha dos raios do sol, estrela qualquer lá no fundo do mar. Solar, Solar, Solar.
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