Palavras à Milanesa

Palavras à Milanesa
Não! Este blog não é de gastronomia. Mas de palavras. À Milanesa. Palavras simples como este prato de arroz com feijão, bife e batata frita.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Xingu: uma bela viagem cinematográfica ao centro-oeste brasileiro e ao pulmão do mundo

Aperte os cintos da poltrona, respire fundo e se prepare para uma expedição cinematográfica ao centro-oeste brasileiro e ao pulmão do Brasil ou mesmo ao pulmão do mundo. “Xingu”, o novo filme do diretor Cao Hamburguer, com produção da O2 Filmes, estreia agora nos cinemas e vai nos levar a uma viagem mágica pelo interior da Amazônia e do centro-oeste dos anos 40, 50 e 60. Com fotografia deslumbrante e atuações excelentes dos três atores que interpretam os Villas Bôas - Felipe Camargo é Orlando, João Miguel é Claudio e Caio Blat é Leonardo - a história traz um importante recorte de quase vinte anos, desde 1943, quando iniciou-se a expedição Roncador, da qual eles fizeram parte, primeiro como integrantes depois como líderes, até a criação da Parque Indígena do Xingu, em 1961, num decreto do então presidente Jânio Quadros. Longe de endeusar os irmãos Villas Bôas, correta e acertadamente, o roteiro, assinado por Cao Hamburger, Elena Soarez e Ana Muylaert, nos leva a desvendar um pouco das personalidades humanas e por vezes controversas dos três irmãos, seus medos, inseguranças, coragem e idealismo. Orlando, o mais político, que transitava entre os índios e os ministros, era o articulador, nas palavras do próprio Felipe Camargo. Claudio, vivido por João Miguel, o mais idealista. Leonardo, na pele de Caio Blat, o mais jovem do irmãos Villas Bôas, talvez tenha sido aquele que mais conflitos apresentou entre o ser urbano e o ser indigienista . Não à toa, foi desligado da expedição por ter engravidado uma índia, fato que não teria sido bem visto na época, uma vez que os irmãos Villas Bôas tinham, também, um papel de mediadores entre os homens brancos e os índios. No ano que em o Brasil vai sediar a Rio+20, o filme pode ser visto como um documento histórico e uma ode à sustentabilidade. O termo desenvolvimento sustentável foi cunhado pela primeira vez no relatório da ONU, “Nosso Futuro Comum”, de 1987, mas desde anos 40, os irmãos Villas Bôas já demonstraram ter preocupação com a sustentabilidade, pensando no homem com um todo – seja ele branco ou índio – e pensando na sua integração com a natureza, sem esquecer do progresso e do desenvolvimento. Pois foi a custa de muitas enxadadas que eles construíram, com a ajuda dos índios, campos de pouso e bases militares na Amazônia. Construções estas que serviram como moeda de troca para a criação do Parque do Xingu, que tem área equivalente ao tamanho da Bélgica, e que completou meio século de existência no ano passado. “Xingu” é tão bom que, ao acabar, os 102 minutos de filme passam a sensação de que a obra se encerra de repente, de supetão. Mas talvez tenha sido apenas uma impressão, coisa que me mereça uma segunda, terceira ou quarta ida ao cinema para desfazer o conceito. A viagem ao Xingu me fez relembrar minha visita à São Gabriel da Cachoeira, extremo do Brasil, no Amazonas, conhecido como a “Cabeça do Cachorro”, onde tive o privilégio de conhecer tribos como os Tukanos e Baniwas, entre outras, e minha incursão pelo interior da Bahia, onde, outro privilégio, conheci os Pataxós Hã Hã Hãe. Depois de ver o filme, bate a sensação de que o Brasil não conhece o Brasil. Mas precisa conhecer. Taí uma boa oportunidade. O filme é da categoria dos imperdíveis. Vá logo e garanta já o seu ingresso!

2 comentários:

  1. Beleza!!!!
    Os Hahahae vao lançar um video amanha....e farão a divulgação nos proximos dias....
    Veja tb os novos sites:
    www.indioeduca.org
    www.ocadigital.art.br

    Abraços
    S

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