Palavras à Milanesa

Palavras à Milanesa
Não! Este blog não é de gastronomia. Mas de palavras. À Milanesa. Palavras simples como este prato de arroz com feijão, bife e batata frita.

domingo, 28 de outubro de 2012

Arquitetura






Arquitetura






Conjugado num apartamento
amor deixa de ser vento.
Passa a ser casa.
Passa a ser chão.
Passa a ser asa.
Deixa de ser brasa. Passa a ser fogo.
Fogão, brasão, cama e mesa.
Deixa de ser escassez. Passa a ser riqueza.
Lucidez.
Deixa de ser sonho. Vira teto.
Deixa de ser ideia. Vira concreto.
Parede com parede.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A Metáfora da Chegada





Há de raiar um novo dia. Mesmo que a esperança se transforme em poesia. Jesus Cristo já sabia. Muitos lhe virariam as costas. “Pedro, Pedro, ao cantar do galo tu me negarás três vezes”, assim ele dizia, assim confirmou-se. E aconteceu com José e Maria. Quando o Menino-Deus dentro da barriga da mãe ia, o casal procurava um hotel em Belém de Nazaré onde desse à luz Maria. Um pouco de conforto era justo com forasteiros cansados em busca de hospedaria, em busca de revelar o Messias. Há de raiar um novo dia. Jesus Cristo já sabia.

No entanto, os insensíveis donos de hotéis da cidade de Belém julgaram o casal, como sempre os humanos fazem. Donos de hotéis são humanos: preconceitos e arrogâncias trazem. E julgaram o casal de forasteiros pela aparência. Eles, os donos de hotéis, acharam que José e Maria não eram dignos de dormir em suas luxuosas camas, de se secar com suas caríssimas toalhas. Homem, homem! Todo homem tem falhas. A pouca fé é uma delas. Não espalha. Às vezes o fogo é só de palha. Mas voltando aos donos de hotéis, eles tiveram pouca fé. Com certeza. Duvidaram, sem certezas. Foram omissos.

Acreditar. Basta acreditar. O melhor acontece. Deixa estar. Deixa na sala de estar. Deixa na estrebaria. Jesus Cristo já dizia. Na manjedoura nasceria. Em condições precárias, mas nas condições que merecia. Há de raiar um novo dia. Jesus Cristo já sabia. Jesus Cristo perdoou os pobres donos de hotéis que não gostavam de poesia, que a seus pais negaram moradia. Ele disse: faça-se a luz e a luz se fez. Ontem, hoje e sempre, de uma só vez. A metáfora da chegada é a mesma da partida. Por que chegada sem partida é incompleta, é vazia. É ciclo que não se fecha. O melhor acontece pra cada um. Somos Um. Jesus Cristo já sabia.

Cinquenta Anos em Cinco





Diretor completa 50 anos de carreira preparado para mais 50



Cacá Diegues é um ilustre representante da boa safra do outono de 1940 das Alagoas, onde nasceu na capital do Estado, Maceió. Dono de uma fala pausada e gentil, Cacá é um dos maiores nomes do cinema nacional. Ao lado de cineastas como Glauber Rocha como um dos criadores do Cinema Novo, Cacá segue empunhando sua câmera e lançando seu olhar de cronista audiovisual sobre a realidade brasileira.

Em 2012 o cineasta completa 50 anos de carreira, desde que lançou seu primeiro longa “5 X Favela”, em 1962. O bom momento foi no celebrado no último dia 15 de outubro, quando ele foi homenageado pela 11ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, promovido pela Academia Brasileira de Cinema, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

“Me sinto muito novo para receber esta homenagem. Mas ao mesmo tempo é uma honra pois ela vem do reconhecimento dos meus pares, cineastas”, disse Cacá, ao final da cerimônia. “Vou filmar até meu último suspiro”, completa ele que assina ao lado da mulher, Renata de Almeida Magalhães, a produção do filme “5 X Pacificação”, documentário sobre as UPPs, lançado pela Luz Mágica, empresa do casal, previsto para entrar no circuito em novembro. Entre um filme e outro - Cacá também produziu “Giovanni Improtta”, dirigido e interpretado por José Wilker, baseado no personagem do novelista Agnaldo Silva – ele dirigiu o clip Kamasutra, que integrou o 27º álbum da carreira do Tremendão Eramos Carlos, recentemente lançado. “Foi uma experiência excitante e prazerosa" , confidencia Cacá.

E como 50 anos de carreira no caso do cineasta não é sinônimo de aposentadoria, no ano que vem ele roda o filme “ O Grande Circo Místico”, baseado no poema de Jorge de Lima, que virou peça de teatro e, em 2013, vai se transformar em filme, 30 anos após a montagem do espetáculo. A trilha sonora também será assinada por Chico Buarque e Edu Lobo e o papel principal, convite feito, convite aceito, será do ator Lázaro Ramos. Mais uma produção da Luz Mágica.

O sucesso por detrás das câmeras e a produção audiovisual contínua têm seu nome nos créditos nas telas de Cacá. Há 31 anos, ele é casado com a produtora Renata de Almeida Magalhães, filha do advogado e político brasileiro, Raphael de Almeida Magalhães, falecido no ano passado. Juntos, os dois tiveram a filha Flora Diegues, 25 anos, a única dos três filhos de Cacá que seguiu os passos do pai. Os outros são Isabel e Francisco Diegues, filhos da união com a cantora Nara Leão. Isabel dedica-se à sua editora Cobogó e Francisco tem uma empresa de tecnologia. A outra “filha” de Cacá é Julia São Paulo, do primeiro casamento de Renata, mas praticamente criada pelo diretor e produtor de cinema. Sobre a esposa, ele diz: “A Renata mudou a minha vida. Somos casados e sócios. Ela manda em mim em casa e na rua”, brinca. E para Nara Leão, de quem ele se separou 12 anos antes da morte da cantora, em 1989, Cacá só tem elogios. “Nara foi uma das grandes mulheres brasileiras de seu tempo".

E assim, rodeado pela família e cheio de projetos, Cacá Diegues vai comemorando 50 anos de carreira. “Me sinto oxigenado e pronto para mais 50 anos”, finaliza. E já que o número do momento de Cacá é o “cinco”, são cinquenta anos em cinco, como dizia o slogan da campanha do ex-presidente Juscelino Kubitschek.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Tio és también padre





Un tío tan cerca como se quiere.
y que se vá.
A lo lejos, en un instante, distintamente.
Hacia a debajo de tierras latinas, altiplanas, hermanas.
A juntarse a la pachamama.
Si, son tierras bolivianas.
Tío, tío, tío también és padre.
Tío con la misma sangre, de la misma raza.
Del mismo compás y dibujo.
Tío, te lo juro:
otras dimensiones te abrazam para seguir tu viaje.
Otras encarnaciones.
Lleva en tu equipaje
nuestra ultima cita el La Paz.
El último CD de jazz.
El último bolero.
Eso espero.
Tio querido, hasta siempre, hasta pronto.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

No Metrô






Desço as escadas rolantes.
O coração bate forte,
ofegante.
No outro lado da estação,
na linha do horizonte
ali defronte, ao norte.
A felicidade me sorri, diz adeus.
E foge.
Oh, meu São Jorge,oh, meu São Jorge.
É a morte, é a morte,
meu Deus!

No Cinema





Desvio o olhar.
Você não me beija.
A melhor parte do bolo é a cereja.
Mas essa eu não tenho.
Me contenho.
Você me olha sem graça.
Eu, sem ação.
Por que caminhos passa
o meu coração?

TIO TAMBÉM É PAI




Um tio tão próximo que se vai.

Distantemente, num instante, instantaneamente.

Pra debaixo de terras latinas, altiplanas, hermanas.

Terras bolivianas.

Tio, tio, tio também é pai!

Tio do mesmo sangue, da mesma raça.

Do mesmo compasso e desenho.

Tio, tio, tio que já não o tenho.

Outras dimensões te abraçam pra seguir sua viagem.

Outras encarnações.

Leva na bagagem

Nosso último encontro em La Paz.

Leva na bagagem o último jazz, o último bolero.

Até sempre, até mais!

Assim espero.