Palavras à Milanesa

Palavras à Milanesa
Não! Este blog não é de gastronomia. Mas de palavras. À Milanesa. Palavras simples como este prato de arroz com feijão, bife e batata frita.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Voz e Palavra de Leny

Na plateia do show do gaitista Mauricio Einhorn, que se apresentava em comemoração por seus 80 anos no Teatro Vannucci, no Shopping da Gávea, terça-feira, a diva Leny Andrade não se fez de rogada. Da sua poltrona, a cantora gritou em direção ao palco: - Mauricio, deixa eu cantar essa. A música era "Da Cor do Pecado", de Bororó. Em seguida, fez uma declaração de amor ao violonista Chiquito Braga, convidado especial da noite, e emendou: "Eu pretendo gravar um disco com você", prometeu Leny.

Gaita em Sol Maior

A gaita é um instrumento supremo. É um instrumento pequeno. E sendo pequeno é maior do que o sol maior. A gaita é, simplesmente, o instrumento de Mauricio Einhorn.

sábado, 5 de maio de 2012

Anúncio

Abril fechou: corações a mil. Maio começa cheio de boas promessas e dias coloridos à beça. A chuva forte dispersa; que venha a chuva branda, a alma leve e o coração aquecido. Que venha o anúncio da precisa brisa. Da certeira certeza que a vida é bela, é beleza!

Zona de Conforto

Promover - Mover a favor de. Vamos todos nos pró-mover?

Nada é por acaso

No Leblon, atravesso - ou tento pelo menos atravessar - um cruzamento onde a prioridade deveria ser do pedestre. O carro avança, o motorista não dá passagem. Olho à minha frente e leio a placa do veículo: EEU 1111!

Criança não se aperta

Às vezes, o orgulho de um pai vai por água abaixo. Vejo a cena: o pai, todo bobo, mostra ao filho, que aparenta uns 3 anos - e está começando a identificar as letras - um painel na rua com letras garrafais. "Letra P de que, meu filho?" - "De papai", diz o guri. E agora, letra B de que, meu filho? - "De babai", finaliza o pequeno gênio. Pano rápido!

domingo, 29 de abril de 2012

Ofício da Arte

Era um garoto e amava os Beatles mas não os Rolling Stones. Gostava de música, vivia música. Gostava também de escrever. Vivia de escrever. Escrevia para viver, mas queria viver para escrever. Tinha um lirismo na alma, mas também muitas pedras no peito. Subiu morros, desceu aos infernos, cobriu acidentes, cometeu incidentes com a gramática, comeu grama, cobriu tiroteios, festas, favelas, a miséria humana. Escrevia releases como ninguém. Releases, veja bem! Queria ser cineasta, encontrara no ofício de repórter um atalho – talvez um caminho mais longo – para chegar à profissão objeto de seu desejo. “Se o Luiz Carlos Barreto pôde, eu também poderia”, pensou ele. Barretão fora jornalista, repórter fotográfico de O Cruzeiro. “O Cruzeiro..... que revista! Ah se eu tivesse trabalhado lá”, pensou num instante de fraqueza. Hoje, as bancas ( o mercado de trabalho) está repleto de “Tititis” e que tais. “É dura a vida de bailarina”. A vida profissional de repórter de rua o tinha envolvido numa crosta dura e hermética. Acostumara-se com a morte, sem novidades. Era o que via diariamente. Talvez este cotidiano, totalmente diferente todos os dias, mas sempre repleto de novos títulos, lides, manchetes, o tivesse deixado com uma escrita padrão. Uma fórmula pronta. Todos os acidentes na Dutra tinham a mesma estrutura. Era só mudar o número. Entre mortos e feridos salvaram-se tantos..... Ah, mais o que ele queria mesmo era trabalhar com cinema. Com a imagem. Tanto quis que, a certa altura, o destino conspirara a seu favor. Repórter de cinema do caderno de cultura, foi contratado para a função de editor do suplemento. Era a chance que tinha para se aproximar mais do universo que tanto gostava. Quem sabe, esquentaria por uns tempos o lugar, teria visibilidade e seria convidado por um grande produtor cinematográfico para exercer funções mais ligadas diretamente ao ofício da arte de escrever. Escrever pra cinema. Mal começava como editor de cinema, já estava a imaginar-se como grande roteirista, cineasta, coisa que o valha. Queria dar às palavras o significado metafórico que todas elas têm. “O verdadeiro significado”. O significado ampliado pela grande tela que contém seus sonhos. “Era o fim”, pensou. "Ou o início". Adeus à hard news, ao jornalismo de conveniência, de conivência. Aos jabás. Eram 17h. Mal acabava de fechar seu primeiro jornal, cuja capa do Caderno de Cultura trazia seu nome no expediente como editor,quando recebeu uma determinação de comparecer à sala do diretor de redação. “Precisamos de você para cobrir os novos acontecimentos do escândalo do painel eletrônico. Embarca amanhã para Brasília”. Às 21h seu corpo estava estirado no pátio interno do edifício da sogra. No dia seguinte era manchete dos jornais.